Novos talentos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de maio de 1980
Pelo visto a inflação de novas cantoras vai continuar em 1980. No ano passado, não custa lembrar, foram mais de 50 novas vozes que apareceram entre intérpretes, compositores ou mesmo instrumentistas - muitas vezes, as três talentos reunidos numa mesma (bela) mulher. Agora, mais modesta - apenas cantora, aparece Lucinha Araújo. Uma senhora charmosa, elegante, esposa de um dos mais prósperos executivos da industria fonográfica, João Araújo, ex-Polygram, hoje diretor-sócio/Som Livre, Lucinha demorou para fazer o seu disco. cantando informalmente, elogiada por muitos, temia ser confundida apenas como << cantoras-esposa de diretor >>, de forma que inclusive para estrear preferiu fazer seu disco na RCA, embora Guto Graça Mello, diretor musical da Sigla, tenha dado uma boa colaboração nesta produção (De Durval Ferreira). Lucinha canta bonito, suave - lembrando os bons tempos da bossa nova. E escolheu um repertório excelente, com compositores jovens e alguns veteranos. Gravou músicas de mulheres, como Faffy/Sara Benchimol (<< Fica Comigo >>), Solange Boecke Nogueira/Solange Boecke/Joana (<< O Que fazer >> e << Coração >>), Fátima Nogueira/Solange Boecke (<< Como Se Fosse >>), Wania (<< Paralelo >> e << Do Mesmo Verão >>, parceria com Solange). De Hélio Matheus, gravou << Fim do Nosso Amor >>, mas a mais grata surpresa é uma parceira de Carlinhos Lyra - há anos sem mostrar seus novos trabalhos, com um letrista excelente: Paulo César Pinheiro (<< Pelo Bem da Vida >>). Duas obras-primas, regravadas com sensibilidade e emoção: << Tomara >> (Novelli/Maurício Tapajós/P.C. Pinheiro) e << Peito Vazio >> (Cartola/Elton Medeiros). Seja bem-vinda, Lucinha...
FOTO LEGENDA - Peito Vázio Água Viva
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