Houve muita gente que gostou da terceira edição da Mostra de Música Paranaense (Teatro do Paiol, hoje e amanhã, 21 horas), iniciada quinta-feira, reunindo jovens compositores da terra, a maioria os próprios intérpretes de suas músicas: Alfreli Amaral, Celso Renato Loch (Pirata), Alan Cannel (um engenheiro inglês que trocou o pop dos Beatles pelo chorinho brasileiro), Sérgio Malluf, Marinho (agora coordenador do Mapa), José Roberto Oliva, Olga Wolrath e Gerson Fisbein. No próximo fim de semana, haverá outra mostra, com apresentação de músicas diferentes. Vamos conferir.

O secretário João Elysio Ferraz de Carvalho, da Administração, tem argumentos sólidos que justificam as medidas que tomou para disciplinar a utilização dos carros oficiais. Em apenas três meses, houve uma economia de aproximadamente um milhão e meio de litros de gasolina. Para 1976, a previsão é de economia de mais de seis milhões de litros. Tudo sem parar as atividades de nenhuma Secretaria ou unidade do Estado, apenas disciplinando o uso da frota e fazendo com que muita gente passasse a usar mais o próprio carro do que o veículo oficial.

O já famoso Adolfo Milman, o "Russo", que durante um mês colaborou (graciosamente) com o Clube Atlético Paranaense, não permanecerá no rubro-negro, mas poderá ficar no Paraná. Recebeu do Londrina E.C. uma proposta bastante atraente - Cr$ 20 mil por mês, mais hospedagem e alimentação. Russo também tem uma proposta do novo presidente do Botafogo, o milionário Charles Borer, para ser uma espécie de "gerente de futebol", também com um salário dos mais gordos.

Naturalmente, o assunto mais comentado ontem nas rodas políticas era o "caso Scarpelini", provocado pela manifestação do deputado emedebista em favor do Ato Institucional nº 5, mas pedindo sua aplicação a um capitão de Apucarana.

"Cinco Textos Para Teatro Infantil" um bonito livro (edição Grafipar 75) que reúne as cinco peças infantis premiadas em 74, no concurso patrocinado pela Fundação Teatro Guaíra, será lançado, oficialmente, hoje, às 17,30 horas, em coquetel no hall do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Orlando Miranda, diretor do Serviço Nacional de Teatro, chega houve para prestigiar este evento, e aproveita também para, a noite, assistir a penúltima apresentação da Temporada Oficial do Corpo de Baile da Fundação Teatro Guaíra.

As gravadoras continuam a usar e abusar das formas de misturar num mesmo elepe diferentes grupos vocais e instrumentais especialmente quando se trata de testar o imenso pantanal de público que é esta camada indefinida da juventude que absorve tudo que surge rotulado de musica pop internacional. Exemplo disso são dois discos: O primeiro, "Special Rock Festival" (CBS, 137891, agosto/75), misturando grupos do segundo time do elenco da multinacional gravadora, já conhecidos anteriormente, inclusive em elepes solos, ao lado de gente nova - e em busca de seu lugar no generoso mercado brasileiro.

Prosseguimos o registro dos volumes da básica coleção "Hollywood History" (MGM Records/ Phonogram, outubrooo/75), com 10 volumes e trilhas sonoras de alguns dos mais importantes filmusicais rodados na MGM nas décadas de 30/50.

Desde 1973 a cantora Beth Carvalho tem uma responsabilidade muito grande: seu disco anual passou a ser aguardado por um público fiel como um acontecimento da maior importância, em termos da melhor emepebe. Depois de "Canto por um Novo Dia" - onde iniciou um reencontro com a melhor MPB, os sambas mais autênticos e puros de compositores como Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, que passaram a se constituírem numa espécie de gurus musicais de seu repertório - Beth ganhou um lugar de maior destaque e importância dentre as vocalistas brasileiras.

É sempre estimulante observar que apesar dos pesares que a mais supérflua música pop constitui nestes tempos em que é difícil ser brasileiro em termos de emepebe, é possível encontrar elepes com diferentes manifestações de Samba - em diversas fases e estilos. Embora rapidamente, eis aqui alguns registros do que tem aparecido na praça.

1 - ÂNGELA Maria (Abelim Maria da Cunha, 47 anos), fluminense de Macaé, ex-operária, ex-crooner do Dancing Avenida, 25 anos de carreira (seu primeiro disco, "Só Vives para a Lua", saiu em 1950, pela RCA) é uma vocalista que resiste a uma revisão crítica. Na década de 50, em pleno apogeu de sua voz morena, firme e doce, chegou a fazer algumas gravações hoje consideradas importantes. Entretanto, a exemplo de tantos outros artistas de pouca instrução, lhe faltou uma orientação mais segura, de forma que não resistiu aos novos tempos - e nos anos 60 foi condenada a um melancólico esquecimento.

A Zahar e a Imago são duas editoras que vem lançando muitas obras sobre psicologia no mercado brasileiro. A Zahar, nos últimos meses, editou quatro importantes livros no campo de Bio-Medicina e Psicologia: "A Psicologia como Filosofia, Ciência e Arte", de Fox (Cr$ 70,00), "A Psicologia Como Ciência Biológica", de Kimble (Cr$ 60,00), "Filosofia da Ciência Biológica", de Hull (Cr$ 40,00) e "Teoria da Dissonância [Cognitiva]", de Festinger (Cr$ 50,00). Já, pela Imago Editora, entre outras obras temos:

Apenas uma escultura de Francisco Stockinger foi vendida em sua recente exposição no Museu de Arte Contemporânea: um maravilhoso cavaleiro, em ferro fundido, de um metro de altura, adquirido, por Cr$ 15 mil (à vista) pelo próspero arquiteto Leo Grossman. Austríaco, 56 anos, 53 de Brasil e 21 de residência fixa em Porto Alegre, Stockinger é considerado hoje o mais importante escultor do Brasil. Trabalhando em ferro, bronze e pedra, seus trabalhos de custo mínimo Cr$ 6 mil - tem mercado nacional.

A quarta diretoria da Fundação Cultural de Curitiba, criada há menos de um mês, está vaga: o advogado Carlos Francisco Solheide deixou na terça-feira última, o comando do setor de Comunicações. Embora a sua saída não tenha sido ainda anunciada oficialmente, Solheide já retornou à Assessoria direta do prefeito Saul Raiz (que se encontra em Brasília). Antes de ser convidado para integrar o comando da FCC - inicialmente, estava prevista sua permanência na direção executiva - Solheide dirigia o Departamento de Relações Públicas e Promoções.

O juiz Pedro Ribeiro Tavares, diretor do Fórum Trabalhista em Curitiba e presidente da 1ª Junta de Conciliação e Julgamento da Capital, que integra a lista tríplice para o Tribunal Regional do Trabalho, é mineiro de nascimento e reside em Curitiba há 13 anos. Em seus tempos de estudante em Belo Horizonte participou da chamada geração 43, sendo amigo pessoal de Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pelegrino. É também um dos maiores conhecedores do cinema americano e europeu.

Silvia Orthof, uma senhora simpática e maternal, ex-atriz do Teatro Brasileiro de Comédia, era ontem a espectadora mais atenta na encenação de "A Viagem de Um Barquinho", no auditório Salvador de Ferrante. E com toda a razão: esta peça lhe valeu o primeiro lugar no concurso nacional de textos infantis patrocinado pela Fundação Teatro Guaíra. Após ver seu texto encenado, Silvia recebeu um exemplar do livro contendo as cinco peças premiadas, editado pela Grafipar para a FTG.

Editado por um dos mais conhecidos nomes da imprensa brasileira, Samuel Wainer - fundador da "Ultima Hora", que chegou a ter uma rede nacional de edições regionais no inicio dos anos 60 - um novo tablóide surge em São Paulo com 56 páginas e vendido nas bancas a Cr$ 5,00. Misto de jornal de serviço, reportagens e diversões, "Aqui" destaca como principal reportagem, uma pesquisa do Instituto Galup que demonstra que a oposição continua a crescer naquele Estado: 50% dos paulistas votariam hoje no MDB e apenas 23% na Arena.

Dos gêneros musicais centro-americanos que após a II Guerra Mundial passaram a "invadir" o Brasil - numa época em que a juventude não era tão anestesiada exclusivamente com o irritante som pop de nossos dias, um dos mais populares - e menos comprometedores ao bom gosto - foi o bolero. Com um embalo tipicamente latino, vindo do México, mas tendo num argentino - Roberto Yanes, um de seus melhores intérpretes, o bolero marcou toda uma época, constituindo-se especialmente em música para dança - quando se dançava ainda abraçado, a média luz, rosto a rosto, corpos próximos.

Ao meio dia de domingo, duas das principais bailarinas do Corpo de Baile - a belas Raquel Caetano e Martha Nejn - sofreram um acidente, no último ensaio, e assim toda a programação do espetáculo de encerramento da Temporada Oficial do CB, a noite, teve que ser modificada. Um pas-de-deux que seria apresentado por Raquel, teve como partner de Emílio Martins, sua colega do Municipal do Rio, Cristina Martinelli. Apesar disso o público aplaudiu entusiasticamente o espetáculo, aliás, como ocorreu todas as noites.

Houve época em que o nordestino era identificado por nomes muito próprios e regionais: Raimundo, Severino, Januário, etc. Hoje, além do próprio sotaque estar diferente - no que, muitos sociológos apontam como causa a televisão, em suas redes nacionais - até os nomes estão mudando, estrangeirando-se. Na praia da Iracema, Fortaleza, defronte o restaurante "Trastevere" (cujo nome já é significativo), um garoto maltrapilho, vestindo somente um calção, pede "uma esmola para ajudar meus 10 irmãos". Simpático, vai dizendo o seu nome: - "Richard", mas pode me chamar de "Dick"!

Só o fato de se ouvir um chorinho do melhor nível como "Arrepiado", de Celso Pires, 26 anos, ou uma proposta realmente inteligente de letra-caleidoscópica, como "Receita", de Marinho/ Paulo Vítola, já faz com que se saúde, entusiasticamente, o Terceiro Movimento, do MAPA, idealizado em princípios de 1975 por Paulo Vítola e que hoje, com serenidade e inteligência, tem continuidade graças a Mário Gallera, 27 anos, compositor e violonista dos melhores.