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Aramis

Ascêncio e os professores

O secretário Ascêncio Garcia Lopes, do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, não está sendo muito habilidoso na condução nas negociações para a incorporação da Escola de Música e Belas Artes do Paraná e Faculdade de Educação Musical do Paraná. Apesar de ter sido procurado por comissões de professores das duas escolas, que pleiteavam o direito de opinarem na elaboração do projeto que trata de uma fusão em temperatura tão elevada e com ingredientes mais apimentados do que a comida baiana, até o momento o ilustre secretário não se dignou a ouvir os mestres. Muito pelo contrário, sua assessoria tem dificultado as tentativas dos dirigentes da Associação dos Docentes da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, na busca do diálogo. xxx Os professores da EMBAP estão tão revoltados com a insensibilidade do secretário Ascêncio que começaram a fazer todos os contatos possíveis - a níveis de parlamentares, outros secretários de Estado e mesmo amigos pessoais do governador Álvaro Dias - para tentar uma audiência com o chefe do Executivo, para pessoalmente, colocarem seu posicionamento a respeito. A questão da fusão das duas escolas é matéria que envolve muitos aspectos didáticos e que vem se arrastando há anos. Aliás, por ser um vespeiro de abelhas africanas, a questão tem sido, mineiramente, evitada por muitos administradores. Entretanto, derrubar simplesmente o apiário não é solução para que se obtenha o mel da conciliação - e antes que as picadas atinjam muita gente, os professores que há anos sofrem com as péssimas condições de ensino na EMBAP - sem falar em seu corpo discente, também prejudicado - era de se esperar uma solução no mínimo negociável. xxx Enquanto não consegue chegar ao secretário Ascêncio Lopes ou, principalmente, ao governador Álvaro Dias, os diretores da Associação dos Docentes da Escola de Música e Belas Artes do Paraná procuram, pelo menos, movimentar a entidade. Para tanto, estão promovendo na próxima segunda-feira, 24, um recital de Música de Vanguarda, com um dos primeiros pianistas a se voltar a música contemporânea no Brasil, Paulo Affonso de Moura Ferreira, da Universidade de Brasília (dia 24, 20h, auditório Paul Garfunkel na Biblioteca Pública). No programa peças de Ernst Mahle (1929), Yves Rudner Schmidt (1935), Bent Lorentzen (1943), Mario Lavista (1943), Marlos Nobre (1939), Guerra Peixe (1914), Ruth Zechlin (1926), Kazimierz Serock (1922-1984), Nicolau Kokron (1937-1971), Juliusz Luciuk (1927) e, naturalmente, John Cage - desde o seu clássico "0,00", versão dialética PANF 1984, utilizando nada menos que fragmentos do "Manifesto do Partido Comunista" (1984) de Karl Marx e Friedrich Engels. xxx Apesar de Marx e Engels no concerto dos docentes da EMBAP, seus diretores garantem que ainda não será desta vez que vão partir para um ato mais radical contra a má vontade do secretário Ascêncio. Estão dispostos a lhe darem ainda mais algum tempo... LEGENDA FOTO - Professor Ascêncio Garcia Lopes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
22/08/1987

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