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Aramis

Paraná perdeu de ser a "Terra da Mônica"

Aconteceu o que prevíamos nesta coluna, há vários meses: cansado de esperar por uma definição executiva do Governo do Paraná em relação à implantação da Terra da Mônica, no município de Cornélio Procópio, o desenhista e hoje empresário Maurício de Souza desistiu, de vez, em fazer o grande projeto no Paraná. Com isto, não só Cornélio Procópio - mas toda a região - perdeu um projeto que significaria a futura presença de milhões de turistas. Maurício de Souza já tem propostas firmes e bem definidas para levar seu empreendimento a outros Estados. O Rio Grande do Sul foi um dos que apresentou melhores condições. xxx Em novembro do ano passado, durante o II Festival Internacional de Cinema e Televisão do Rio de Janeiro, Maurício de Souza, recém-chegado do Japão, anunciava, numa entrevista coletiva, no Hotel Nacional, que entre outros projetos estava o de criar uma espécie de versão cabocla da Disneyworld - a Monicaland, que teria a abrangente proposta de ser uma "cidade das três idades", para atingir não apenas as crianças, mas também adultos e os idosos. O projeto, numa primeira etapa, seria desenvolvido em colaboração com a família Lima, proprietária da paradisíaca Termas Aquativa Hotel, localizada no município de Cornélio Procópio. Naturalmente, pelo seu custo - orçado na época em US$ 20 milhões - o mesmo exigiria a formação de uma companhia com a participação da Prefeitura e do Governo do Estado, além de financiamentos internacionais. xxx Homem prático, self-made man, que de modesto repórter policial da "Folha da Tarde", em São Paulo, desenvolveu a partir de 1959 uma carreira de desenhista e empresário que o faz hoje comandar um poderoso grupo atuante na área editorial, merchandising e cinema, Maurício de Souza acabou vítima também da incompetência e politicagem que dominavam a Secretaria da Cultura e Esportes na época. Afinal, a Paranatur, então, subordinava-se àquela pasta e apesar do aparente interesse do então governador José Richa e do prefeito Hermes Rodrigues, de Cornélio Procópio, o projeto não teve o desenvolvimento esperado. Ao contrário, surgiram tantos empecilhos que os primeiros a se afastarem da mesa das negociações foram os proprietários da Termas Aquativa Hotel - o médico João Baptista Lima e seus filhos. Conforme aqui registramos, com o afastamento da família Lima, que possui uma das mais privilegiadas áreas da região, urgiu um impasse para o projeto andar: cabia então à Prefeitura de Cornélio Procópio encontrar outro terreno. Pensava-se ainda, em que o mesmo poderia ser desenvolvido mas agora, em definitivo, Maurício de Souza decidiu aceitar os convites que chegaram ao seu escritório, vindos de outros Estados - que entenderam a dimensão da iniciativa e, ao contrário do Paraná, estão dispostos a realmente associar-se num empreendimento desta envergadura. xxx A Empresa Paranaense de Turismo, que durante o período em que esteve subordinada à infeliz Secretaria da Cultura e Turismo pouco ou nada fez para o nosso turismo, hoje encontra-se novamente sob órbita da Secretaria da Indústria e Comércio. Com ao menos uma executiva competente em seu comando - Maria Francisca Maeder Velloso e mais a visão que o secretário Fernando Miranda tem dos projetos empresariais, por certo o projeto da Terra da Mônica não fracassaria se fosse desenvolvido agora. Infelizmente, muito - e precioso - tempo se perdeu devido à incompetência do governo Richa e, especialmente, da Secretaria de Cultura e Esportes, na administração anterior. Com isto, a Cidade das Três Idades se vier a ser implantada será em outro município - e, certamente, em outro Estado. E o Paraná perdeu a possibilidade de sediar um centro internacional de lazer que, a médio prazo, poderia ser tão significativo quanto é a Disneyworld, na Flórida - que aliás acaba de completar seu 15º aniversário de inauguração. xxx O Termas Aquativa Hotel, que há anos pertencia ao médico João Baptista Lima, está hoje integrado ao grupo do empresário Francisco Iczi da Costa, que já possui a Pousada do Rio Quente, em Caldas Novas, Goiás, o Hotel Estância Barra Bonita, em São Paulo e a Táxi Aéreo ABC, em Uberlândia, entre outros grandes negócios. Desta associação, resultou uma injeção de recursos para fazer do Termas Aquativa uma colônia de águas com padrão internacional, com capacidade para centenas de pessoas e alto padrão de atendimento, inclusive médico, já que três filhos do velho Baptista Lima são especialistas em várias áreas: João Lima Filho, 28 anos, geriatra; Luís Henrique Lima, 25, reumatologista e Heloísa Helena, 23 anos, doutorada, especializa-se em fisioterapia. Começa também a ser produzida a água mineral Aquativa, já com uma rede de distribuidores na região Norte enquanto João Carlos Lima, diretor comercial do empreendimento, desenvolve uma programação intensa para atrair ao hotel-fazenda, visitantes do Brasil e Exterior. xxx A "Terra da Mônica" ficou apenas como um sonho perdido devido à falta de competência do governo José Richa. Maurício de Souza levará este projeto para outro Estado. E a família Lima, que iria se associar ao empreendimento, modificou seus planos para fazer as Termas Aquativa alcançar novos objetivos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
26/10/1986

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