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Aramis

A ópera portátil

Desde os tempos pioneiros dos pesadões discos 78 rpm, a ópera gravada já tinha seu espaço para chegar aos ouvidos dos cultores do gênero em todo mundo. Como a duração de cada lado não durava mais do que 5 minutos, era preciso muitos volumes para conter uma ópera - e paciência dos que manuseavam com o frágil material. A partir dos anos 50, com o advento do long-play, as óperas ganharam maior autonomia - e começaram a sair caixas em papelão, 3 a 5 discos, acompanhados de livretos, para alegria dos colecionadores. Depois veio o digital - inicialmente ainda na prensagem convencional - e por último o CD, que permite as mais longas óperas, integrais, num único volume - no máximo duplo. E nesta década, o videocassete e o vídeodisco (este ainda não comercializado maciçamente no Brasil), trouxe as imagens. Os aparelhos ganharam máxima sofisticação sonora, com altíssima fidelidade - pois o público de ópera, se de um lado dispõe de poder aquisitivo para adquirir o que há de melhor, também é exigente em qualidade e bem informado - assinando revistas internacionais, comprando caríssimas enciclopédias - e só agora surge no Brasil os primeiros volumes especializados como "A Ópera" de Zito Batista Filho (Editora Nova Fronteira, 1987, 704 páginas), um guia completo dos enredos das 22 óperas mais importantes de todos os tempos. xxx As gravações em fita minicassete eram malvistas pelos fãs de ópera e música clássica - descrentes com a baixa qualidade do material oferecido. Era, pois a exemplo do que a Philips/Deutsch Weller fez na Europa, também no Brasil a direção da área clássica da Polygram, decidiu atingir um público refinado - que deseja ouvir a melhor música clássica e agora também óperas em gravadores de seus veículos ou no walkie-man - duas opções para não perder tempo. Associada a Basf, para fornecimento de fitas de Dióxido de Cromo que garante a melhor qualidade possível em minicassetes, Leo Barros, diretor da área internacional da Polygram, começou em 1986 a lançar gravações de clássicos, com orquestras e solistas em temas mais acessíveis. As três primeiras séries tiveram excelente aceitação, animando-o agora a um projeto maior: "Ópera Gala" (nas lojas desde julho, ao redor de Cz$ 2.300,00 a unidade), inicialmente com dez títulos - de um total de trinta programados para os próximos dois anos (a segunda coleção sairá no 2º trimestre de 1989 e a terceira em princípios de 1990). A exemplo dos clássicos das três primeiras séries, o projeto começa com a seleção de áreas e highlights das óperas mais conhecidas, destinadas a dois tipos de consumidor: o iniciante, que ainda está aprendendo a conhecer a ópera (e ao qual, portanto, devem ser servidas doses digestivas) e os conneisseurs, que mesmo possuindo estas gravações, em elepês (ou mesmo em CD), também optaram pela forma portátil, para ouvi-los. A seleção não poderia ser mais equilibrada, oferecendo um panorama diversificado de autores e intérpretes. GRANDES ÁRIAS DE PUCCINI - Com Renata Tebaldi, Freni, Crespim, Bergonzi, Berjoling e outros; GRANDES ÁRIAS DE VERDI (Sutherland/ Tebaldi/ Prince/ Simionato/ Mario Del Monaco e outros); GRANDES ÁRIAS DE VERDI (basicamente o mesmo elenco); GRANDES ÁRIAS PARA TENOR (Bejorling/ Bergonzi/ Del Monaco/ Pavarotti, etc); GRANDES ÁRIAS PARA SOPRANO (Cerquetti/ Chiara/ Nilsson/ Tebaldi/ Freni, etc); GRANDES DUETOS DE AMOR (Renata Tebaldi com Del Monaco/ Bergonzelli/ Corelli/ Poggi); "LA TRAVIATA" - Highlights (grandes momentos) (com Sutherland Bergonzi/ Merril/ John Pritchard); OTELLO - Highlights (Del Monaco/ Tebaldi/ Protti/ Filarmônica de Viena regida por Karajan); grandes cenas de "O ANEL DOS NIBELUNGOS" (com Nillsson, acompanhado pela Filarmônica de Viena, sob regência de G.Solti) e GRANDES COROS DE ÓPERA, pela Academia di Santa Cecília, de Roma. O público de ópera tem absorvido também todos os CDs importados pela Polygram que, nacionalmente, em seus três selos clássicos, mantém atualmente 15 gravações completas em catálogo. Leo Barros, em sua última passagem por Curitiba, nos informa que até o final de 1990 pretende acrescentar mais 15 gravações completas. E há dois anos, todas as gravações de óperas vocais - líricas ou sacras - editadas pela Polygram contém encartes bilingües, com o texto em sua língua original e tradução para o português.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
06/08/1988

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