De Rita Cadillac ao forró de Bernadete
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de junho de 1985
Em "As Moças Daquela Hora", uma pornochanchada paulista, não foi só a cantora Gretchen, com sua sensualidade que apareceu como atriz. Ali também surgiu uma ex-chacrete de nome artístico Rita Cadillac. Depois Rita dividiria com Karla Camuratti, o papel central de "O Olho Mágico do Amor", tentativa de porno-arte, que chegou a ser premiado em Gramados, no festival do ano passado. Agora, Rita Cadillac está em disco, com um compacto simples (RGE), na qual interpreta duas ingênuas músicas: "Merenguendê" e "Baby Love". O visual da capa deste disco vale mais do que o conteúdo. Falando em belos rostos que estão aparecendo, dois outros destaques: Madalena, em lançamento da Odeon, com boa produção executiva de Mayrton Bahia. Convocou Eduardo Souto Neto para os arranjos e selecionou três belas músicas: duas são de Dalto (especialista em fazer músicas de agrado popular), que em parceria com Cláudio Rabello é autor de "Quando Eu Te Encontrar" e "Feche Os Olhos". Dos mineiros Flavio Venturini/Murilo Antunes, a bela "Rosa Negra". Uma estrela auspiciosa. A outra estreante é Bernadete, paraibana de Rio Tinto, mas que desde a infância foi viver em Recife, ali participando de programas infantis. Em 1977, com 13 anos, era escolhida "revelação do ano", apesar de cantar músicas de Joselito - "mas me amarrava mesmo era nos discos de Luiz Gonzaga, Marinê e Jacson do Pandeiro". Exatamente por essa "forma bem forrozeira", Bernadete veio para São Paulo, há 13 anos, decidida a conseguir também espaço no mercado repleto de nordestinos. Inteligente, estudou música com Madalena de Paula e Ula Wolff, como corista, viajou bastante, integrou o grupo Brooklin Show, cantou rock, músicas de Janis Joplin, mas sempre procurando sua chance de mostrar seu lado "amarrada ao forró". Chance que o sensível Fernando Faro, um dos mais argutos record man lhe deu ao produzir um compacto simples, pela RCA, na qual Bernadete canta "pirilampo do Uauá" (Gereba/Carlos Pita) e "Fogaréu" (Walter Queirós), duas músicas fortes, que com arranjos, forrozoeiros, incendiários e excelentes são do competente Gereba.
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