Artigos por data (1986)
De como ir e voltar rapidamente aos EUA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de novembro de 1986
Um alerta necessário: na ânsia de aumentarem seus lucros, algumas agências de turismo estão criando situações constrangedoras para pessoas que viajam a Europa e Estados Unidos com projetos de ali permanecerem mais do que 90 dias. Pelo menos duas curitibanas sentiram os riscos de prestarem informações não verdadeiras ao governo americano - mal orientadas por inescrupulosos agentes de viagens - e com isto pagaram caro.
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Filmes sobre desencontros do amor e esporte no gelo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de novembro de 1986
Os curitibanos não podem se queixar da programação da UIP: filmes que foram lançados há poucos meses nos Estados Unidos já chegam às telas do Condor, muitas vezes antecipando-se mesma à estréia no circuito Rio-São Paulo.
O Chile visto do Brasil foi o grande filme em Brasília
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de novembro de 1986
Quando foi anunciado o nome de Carlos Gregório como o melhor ator dos filmes em competição no XIX Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, na noite de terça-feira, 4, as vaias foram grandes. E, irritada, a platéia começou a gritar: "Wilson Grey! Wilson Grey! Wilson Grey!"
Surpresas na escolha dos melhores médias e curtas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de novembro de 1986
Após a entrega das premiações oficiais no XIX Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o cineasta Wlademir de Carvalho, 51 anos, documentarista dos mais respeitados ("O País do São Saruê", "O Homem de Areia"), subiu ao palco do cine Brasília e anunciou que havia instituído um prêmio especial: o "Conterrâneos" (o nome já é uma referência do longa sobre Brasília, que vem tentando finalizar há anos: "Conterrâneos Velhos de Guerra").
Cinema cearense mostra a guerra do Caldeirão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de novembro de 1986
A produção cinematográfica no Brasil vem crescendo tanto que em festivais como o de Brasília e Gramado, paralelamente as mostras competitivas, ocorrem exibições em obras interessantes, que, dificilmente chegarão aos circuitos comerciais - e, quando muito, terão exibições em salas culturais - como a Cinemateca do Museu Guido Viaro, em Curitiba.
Meirelles, o menino da Mangueira cresceu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
"Um menino da mangueira/ recebeu pelo Natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe de Papai Noel/ Um mulato sarará
Primo-irmão de dona Zita
E o menino da mangueira foi correndo organizar
Uma linda bateria
Carnaval já vem chegando/e tem gente batucando
São meninos da mangueira..."
Há 14 anos, Sérgio Cabral criava uma belíssima letra para um samba de Rildo Hora, em homenagem a "Os Meninos da Mangueira".
Satã e Veneno, um novo vigor para o bom samba
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Surgem novos e promissores talentos no mundo do samba. Dois exemplos: Marquinhos Satã e César Veneno. ambos com bossa, balanço e muita comunicação.
Marquinhos Satã (Marcos Costa Santos, carioca do morro do Salgueiro, 24 de janeiro de 1956) "cumpriu a meninice carioca: bola, pipa, gude e ritmo que invadiu-o inteiro, embora a mãe não gostasse" - como diz Ronaldo Boscoli.
A mistura certa nas músicas do Bendengó
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
BENDENGÓ, nome de um meteorito que caiu em 1888 no lugar hoje também denominado Bendengó, na região de Canudos, no alto sertão da Bahia. Perto dali está Monte Santo, região de romaria que se tornou depois quartel general das forças que foram combater Antônio Conselheiro e seus fanáticos seguidores. O meteorito caiu junto de um riacho num dia de tempestade e aquele "risco no céu" confundiu as pessoas simples da região que viam nele desde um deus caído do Céu ou um presente ou castigo. A palavra Bendengó vem do tupi e quer dizer "caído do céu".
Pita, ex-filho de Elomar agora com deboche baiano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Como a cantora Rose, Xangai, os irmãos Dércio e Dorotothy Marques, Diana Pequeno e tantos outros artistas de sensibilidade para com coisas do Brasil, o baiano Carlos Pita teve em Elomar Figueira de Mello uma das mais fortes influências em sua carreira.
Salada latino-americana com o sabor de Missinho
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Os baianos assumiram de fato o fricote. As 150 mil cópias que Luís Caldas conseguiu vender animaram as gravadoras a investirem neste novo modismo musical, que mistura ritmos do caribe - o merengue e a salsa - ao calor afro da boa terra. A Odeon já lançou um mini-elepê de uma bela cantora. Sarajane, 22 anos, ex-integrante do trio Tapajós, que só em Salvador vendeu 30 mil cópias com o compacto em que registrou "Merengue Deboche" e "Nuooai".
Neil Young
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Após um período de afastamento das gravações, Neil Young, 41 anos, voltou duplamente as lojas: com um elepê ao estilo country ("Old Ways", 1985, editado há pouco pela CBS) e agora "Landing On Water" (WEA), em cujas 10 faixas mostra sua versatilidade criativa. Aliás, Young sempre foi considerado o melhor dos cantores/compositores da música acústica da leva que surgiu nos anos 70. Canadense de Toronto, era cantor de música folk quando conheceu Stephen Stills, com quem formou, há 20 anos passados, o Buffalo Springfield, que durou apenas dois anos.
Wando, samba com erotismo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
De apenas "mais um" sambista das noites paulistas, de estilo indefinido e até repetitivo em seus primeiros LPs (Copacabana, a partir de 1975), Wando conseguiu obter uma fatia considerável do mercado. Para tanto contou com sua passagem pela Sigla ("Fantasia Noturna", "Coisa Cristalina", 1984), período em que se firmou como grande vendedor de discos.
O poeta Reynaldo é agora o reytor da UniverCidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Reynaldo Jardim continua o mesmo. Calvície em escalada cada vez maior, camisas de cores berrantes, falando rapidamente, em seu estilo de metralhador verbal, durante o XIX Festival de BRasília do Cinema Brasileiro desdobrava-se em dez. Além de todos os encargos como diretor-presidente da Fundação Cultural do Distrito Federal, jardim ainda tinha que, por força de regulamento, presidir o júri oficial dos longa-metragens. Tarefa que além de cansá-lo, considera um absrudo:
- "Afinal, o júri deve escolher o seu próprio presidente.
No Campo de Batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Miguel Proença, pianista gaúcho que hoje dirige a Sala Cecília Meireles, não deixa cair a peteca como virtuose do teclado. Ao lado de várias atividades, vem gravando discos com obras de vários compositores e após um álbum dedicado a Frutuoso Vianna (1896-1976), acaba de fazer um elepê com peças de Edino Kruguer, catarinense, há anos dirigindo o Instituto Nacional de Música/Funarte, e de seu pai, Aldo Kruguer (1903-1972), mestre-de-banda de Blumenau, autor de várias peças marcantes.
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A lição de Billy Blanco
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Não votaria, jamais, naqueles canalhas que se enclausuram no poder no dia seguinte ao resultado das eleições e julgam que são todos poderosos, esquecendo o que Billy Blanco já ensinava há 30 anos através da voz inesquecível de Dolores Duran:
"mais alto é o coqueiro/maior é o tombo afinal!"
Na dança dos festivais, depois de Brasília é a vez do FestRio
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Na manhã de quarta-feira,5, no hall do hotel São Marcos, o cineasta Jorge Duran, 44 anos, mostrava, naturalmente, a satisfação de ter sido o grande premiado no XIX Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Amostragem do ótimo cinema que vem em 87
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Se um festival de cinema vale, entre outras coisas, como uma amostragem da situação de como vai a área, pode-se dizer que após o Festival de Brasília o otimismo aumentou. Como dizia a experiente Pola Vartuck, crítica d' "O estado de São Paulo" e que ao longo de sua vida profissional esteve como jurada em inúmeros festivais, esta 19ª edição foi positiva em trazer tantos curtas e médias como longa-metragens de vigor.
Os filmes da terra estão na Cinemateca
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de novembro de 1986
A partir de hoje, 11, a cinemateca do Museu Guido Viaro, apresenta um ciclo intitulado "O Cinema e a Questão da Terra". Com exceção de "Vidas Secas", 1964, de Nelson Pereira dos Santos - filme marco do Cinema Novo, exibido no domingo, os demais são curtas e médias metragens, com diferentes enfoques de um assunto da maior atualidade.
Denise, todas as emoções no simples gesto de amor
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de novembro de 1986
Já houve época em que Ricardo Bandeira era o sinônimo da mímica no Brasil. Discípulo do mais famoso mímico do mundo - o francês Marcel Marceau - Bandeira poderia ter sido um superstar neste difícil gênero que tem poucos cultores no mundo.
Nas imagens de Joatan, a memória de Warchavchik
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de novembro de 1986
Paranaense de Londrina, radicado no Rio de Janeiro há muitos anos, onde é funcionário do Banco do Brasil, Joatan Vilela Berbel, 38 anos, afirmava momentos antes do encerramento do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro:
- "O que passou, passou. Agora vamos para Gramado."