Login do usuário

Aramis

Artigos por data (1986 - Maio)

Wilson, último dos malandros no Paiol

Numa semana de ótimos programas - a estréia de "A História Oficial" de Luiz Puenzo (Oscar 86-melhor filme estrangeiro), no cine Palace Itália; o início da temporada da peça "De Braços Abertos" de Maria Adelaide Amaral (auditório Salvador de Ferrante) - se complementa com um excelente musical: a temporada em homenagem a Wilson Batista no Teatro do Paiol (sexta a domingo, 21 horas).

Joyce e Silva, os intérpretes certos

Ao idealizar um show em homenagem a Wilson Batista - cuja estréia acontece em Curitiba, neste fim-de-semana e que será levado posteriormente a São Paulo, Rio e Brasília - o diretor Túlio Feliciano não poderia ter sido mais feliz na escolha dos intérpretes Joyce e Roberto Silva. Além de representar o encontro de duas gerações, a presença de Joyce, 32 anos e Roberto Silva, 65 anos, mostra o traço de união de quem realmente se identifica com o que de melhor existe em nossa MPB.

A História Oficial

"A História Oficial" (16 prêmios em 13 festivais internacionais, além do Oscar de melhor filme estrangeiro-1986) é o exemplo do filme que corta rente aos ossos, como uma navalha. Um roteiro preciso, enxuto, magistral (e não foi sem razão que teve também indicação ao Oscar nesta categoria) mostra como um filme pode abordar um fato sem panfletarismo e até mesmo sem maniqueísmo.

O lirismo & a consciência

Quem diria, Walmor Marcelino, um romântico?

Cinecublistas fazem as denúncias e homenagens

Quando Antônio Gil Almeida, presidente da Federação Paranaense de Cineclubes, aproveitou uma das sessões do I Encontro de Cineclubistas da Região Sul, realizado na Cinemateca do Museu Guido Viaro, no último fim-de-semana, para denunciar, mais uma vez, publicamente, a total falta de apoio ao movimento no Paraná, por parte da Secretaria da Cultura e Esportes (sic) mais de 50 participantes - vindos de várias partes do País - ficaram estarrecidos com o que ouviram.

Simone, superstar, superexigências e pouco brilho

Socialmente, um sucesso. Artisticamente, nem tanto. A apresentação da cantora Simone, na noite de sexta-feira no Curitibano - no baile de encerramento da Olimpic, a grande realização esportiva na administração Constantino Viaro - mostrou que a superstar continua com suas manias de estrela e, musicalmente, sem o calor, o entusiasmo que a fez, há 10 anos, surgir com tanta força. xxx

Transportadora prejudicou a retrospectiva de cinema

Se o fato acontecesse nos Estados Unidos, possivelmente a indenização seria tão elevada que a Cinemateca teria condições de sobreviver, autonomamente, por mais de cinco anos com a melhor programação. Como estamos no Brasil, tudo não passará, no máximo, de um ofício que o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Carlos Frederico Marés de Souza, endereçará à direção da Kwikasair Encomendas Urgentes Ltda., pedidos de desculpas e esfarrapadas justificativas da empresa. E tudo bem! xxx

Nesta semana, a chance de conhecer o Wenders inédito

A movimentação cinematográfica foi tão intensa nos últimos dias, que desta vez uma importante promoção organizada pelo Goethe Institut em colaboração com a Cinemateca está acontecendo meio despercebida: a retrospectiva Wim Wenders que inicia hoje (Cinemateca, 20h30min), com "Verão na Cidade" (Summer in the City), 1970, preto e branco. xxx

As lutas operárias num livro oportuno

Duas professoras da Universidade Federal do Paraná realizaram aquilo que há muito era necessário: um estudo sobre as lutas operárias no Paraná. Ao longo de dois anos de pesquisas em arquivos de jornais, entrevistas e outras fontes levantaram um precioso material para uma obra que, muito oportunamente, está sendo lançada agora: "1º de Maio - Cem Anos de Solidariedade e Luta" (Editora Beija Flor, 105 páginas).

De gente & fatos

O arquiteto Waldir Simões de Assis é o marchand-de-tableaux que mais investe nos catálogos dos artistas que expõe em sua galeria. Ainda agora, para apresentar as esculturas de Dilva Slomp Busarello, 40 anos, arquiteta da turma de 1970 da UFPR, editou uma publicação caríssima, com fotos de Orlando Azevedo para mostrar os trabalhos que estarão em exposição a partir do dia 6 de maio. Dilva, catarinense de Caçador, começou a se interessar por escultura em mármore há 10 anos, a partir de um curso que o gaúcho Francisco Stockinger orientou no Centro de Criatividade. xxx

Antologia francesa na voz de Mireille

A música francesa não tem um mercado regular no Brasil. Raros os intérpretes que têm seus discos aqui editados - e mesmo dos nomes mais famosos - um Yves Montand, um Charles Aznavour ou, no passado, um Maurice Chevalier - são praticamente inéditos no melhor de sua produção.

Entre as estréias, a emoção de A História Oficial

Emoção. Eis o sentimento primeiro que provoca a visão de "A História Oficial", para nós, até o momento, o melhor lançamento em 1986 - e em exibição desde quinta-feira no Palace-Itália. Na pré-estréia, na noite de segunda-feira, convidados especiais se emocionaram com este filme que recebeu 26 premiações em 13 festivais internacionais realizados em 1985 - e acabou, mais do que merecidamente, obtendo o Oscar-86, como o melhor filme-estrangeiro.

As reprises que podem fazer um bom programa

Para quem ainda não viu, há bons filmes que continuam em cartaz. De princípio "Os Gritos do Silêncio" (The Killing Fields), de Roland Jaff, premiado com 3 Oscars, é uma profunda reflexão sobre amizade e as dores da guerra. Em exibição no RITZ.

Histórias de Darcy Ribeiro

Incrível este Sr. Darcy Ribeiro! Vice-governador do Rio de Janeiro, acumulando meia dúzia de cargos, candidato a sucessão do Sr. Brizola, ainda encontra tempo de escrever. E como escreve! Há alguns meses, pela Editora Guanabara, lançou o delicioso "Aos Trancos e Barrancos - Como Brasil deu no que deu", deliciosa cronologia do Brasil de 1900 a 1980. Ano a ano, recorrendo basicamente a uma biblioteca notável - mas com muito bom humor - Darcy reconstituiu uma história "não oficial" do Brasil, com textos curtos, objetivos.

Hemingway, a permanência de um mito da literatura

Um quarto de século após a sua morte - em 2 de julho de 1961, em Ketchum, Idaho - Ernest Miller Hemingway continua a ser o escritor e o mito. Enquanto a Civilização Brasileira reedita sua obra e na Itália uma de suas mais intimistas novelas - "Do Outro Lado do Rio, Entre as Árvores" (de 1950) é levada também ao cinema - nos Estados Unidos, mais três ensaios sobre sua vida são publicados: "Hemingway, A Biography" de Jeffrey Meyers (New York, Harper and Row, Publishers, 646 páginas); "Along With Youth Hemingway.

Os encontros que o Arakén produz

Arakén Távora, jornalista paranaense há 20 anos radicado no Rio de Janeiro, é um incansável animador cultural. Alma generosa e sensível, sempre preocupado em ajudar os amigos e a abrir novas fronteiras culturais, tem realizado, graças a sua energia criativa, ao seu excelente relacionamento e, especialmente, a um grande idealismo e trabalho, aquilo que paquidérmicas e onerosas estruturas (como a da calamitosa Secretaria da Cultura, no Paraná) não fazem.

Em teipe e livro a poesia de Quintana

Como seus 80 anos - a serem comemorados no próximo dia 30 de julho - impedem que Mário Quintana, gaúcho de Alegrete, poeta maior do Rio Grande do Sul e do Brasil, esteja viajando, Arakén Távora teve uma feliz idéia para levar a sua imagem, suas palavras e, especialmente, sua poesia, a todo o Brasil. Produziu emotivo videoteipe com Mário Quintana e escreveu um livro didático, simples, gostoso de se ler. E, sempre que possível, está exibindo o teipe para platéias de estudantes.

Réquiem ao Paiol (adeus boa MPB!)

Confirmado: Curitiba pode ficar fora do roteiro de espetáculos de música popular brasileira. Com exceção de superstars (?) com esquemas milionários, a nossa cidade não tem condições de público para absorver produções voltadas à MPB, com uma proposta cultural e trazendo artistas de expressão - mas que, por diferentes razões, não se encontram nas paradas de sucesso.

Falta total de infra-estrutura

- Em minha vida profissional nunca encontrei um teatro em piores condições de infra-estrutura. A afirmação de Tulio Feliciano, 39 anos, pernambucano de Recife, ex-ator e há uma década o mais requisitado diretor de shows musicais do Rio de Janeiro, traduz bem o estado de abandono, ao qual foi relegado o Teatro do Paiol.

Na letra, a simples insinuação do humor

A letra de "Julieta", do paranaense Roedil Caetano - em parceria com F.C. Santos (e que na gravação de Sandro Becker, ganhou um terceiro "autor", Enock Gomes) não é nem mais agressiva, nem mais respeitosa do que tantas outras que têm aparecido na MPB nos últimos tempos.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br