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Aramis

Waldir & Dilermando

Dois veteranos instrumentistas que já deram muitos momentos de felicidade à música brasileira estão com novos discos na praça ambos, infelizmente sem o tratamento merecido. O primeiro deles é o grande Waldir Azevedo (Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1923), autor de clássicos como "Delicado", "Brasileirinho" e ""Pedacinho do Céu" e que há anos encontrava-se afastado da vida musical brasileira. Residindo em Brasília, sofreu um acidente em que só não perdeu um dos dedos da mão esquerda por milagre. Assim mesmo permaneceu quase 10 anos sem gravar e só no ano passado, por insistência de Rosinha de Valença que Waldir decidiu reaparecer, fazendo shows e gravando então este belíssimo " Minhas Mãos, Meu Cavaquinho" (Musicolor/Continental, 1 - 04 - 405 - 158, agosto/76). Acompanhado por excelentes instrumentistas - os violinistas Jorge Santos e Voltaire Muniz, o executante de cavaquinho Valmar Cama de Amorin , os baixistas Luiz Roberto e Sérgio Barroso, o baterista Wilson das Neves, o pandeirista Risadinha e o ritmista Picolé, Waldir Azevedo mostra em 12 músicas que continua a ser o grande executante de cavaquinho, com m'sicas novas e antigas , fazendo inclusive uma espiritual homenagem ao incluir um trecho de "Ave Maria", "em agradecimento a Deus por ter permitido que eu voltasse a tocar depois de um acidente", como explica o próprio Waldir na contracapa. Todas as faixas estão excelentes: "Frevo da Lira", "Só Nostalgia", "Uma Saudade", "Sem Pretenções", "Arrasta Pé", "Minhas Maõs,Meu Cavaquinho", "Choro Novo em Dó", "Lembrando Chopin" e "Marcha de Espera"", todas de Waldir; "Chorando Prá Pixinguinha" (Toquinho/Vinícius), "Paisagem" (Hamilton Costa) e "Assim Traduzi Você" (Avendano Junior). Já com Dilermando Reis temos um novo Lp de solo de violão ("Disco de Ouro", Continental 1 - 01- 404- 134, agosto/76) que é apresentado com uma capa inexpressiva e uma contracapa vazia que é estranho tratando-se desta gravadora, tão cuidadosa em valorizar os seus artistas. Paulista de Guaratinguetá, 60 anos a ser completados no próximo dia 22, Dilermando é um dos veteranos mestres de violões com mais de 30 elepes gravados, muitos em duplas - hora com Poly ou Waldir Azevedo, ou com o seresteiro Francisco Petrônio, Tradiconalista, seguro em seu estilo clássico, Dilermando já ajudou a formar muitos violinistas e chegou a dar aulas particulares ao saudoso presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, o que inclusive motivou uma ironia de Juca Chaves em "Presidente Bossa Nova". Realmente, Dilermando Reis é um artista que merece muitos "Disco de Ouro", e para quem aprecia um violão clássico, seus discos são sempre recomendáveis. Neste estão 14 músicas, oito das quais de sua autoria: "Prelúdio em Forma de Oração", "Se Ela Perguntar" (parceria com Jair Amorim), "Lembro-me Ainda", "Canção Para Alguém", "Em Uma Rua de Coimbra", "Magoado", "Sob O Céu de Brasília", "Tempo de Criança" e " Ruas de Espanha". As 5 outras faixas são clássicos que sempre se ouve com prazer num bom violão: "Aranjez Mon Amour" de Joaquim Rodrigo, "Despertar da Montanha" de Eduardo Souto, "Abismo de Rosas" de Américo Jacomino, "Na Baixa do Sapateiro" de Ary Barroso e "Dança nº 5" de Granados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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31
05/09/1976

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