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Aramis

A volta de Jobim com o melhor

Até que enfim a WEA resolveu fazer justiça e está relançando os álbuns de Antônio Carlos Jobim. Não era possível que os mais importante compositor brasileiro, reconhecido mundialmente em sua obra e que há poucas semanas lotou o Carnegie Hall, em Nova Iorque, continuasse sem ter seus discos em catálogo no Brasil, Afinal, Jobim é como Sinatra - de quem, aliás, é amigo e com quem permanecer em catálogo sempre. Sua obra fotográfica é tão grande que Jairo Severino, primeiro pesquisador da MPB a se equipar com um computador, está trabalhando há meses para fazer o levantamento das gravações de Tom espalhadas por todo o mundo. Só de "Garota de Ipanema " ( parceria com Vinicius ) já foram localizadas mais de 700 diferentes interpretações em dezenas de países. Agora, de uma só vez, temos dois dos mais presiosos álbuns gravados por Jobim nos Estados Unidos, para Walner - ambos com arranjos e regência de Claus Ogerman, uma espécie de Dory Caymmi americano em termos de sensibilidade para trabalhar com arranjos em cordas. " Urubu " foi gravado em 1976, a reaparece com edição idêntica: a capa dupla, fotos de Raymundo Ross e o brasileiro Januário Garcia, um belissímo texto de contracapa em que Tom fala de pássaros, em sua ecológica poesia. Gravado entre os dias 16 a 23 de outubro de 1975, nos estúdios da Colúmbia, em Nova Iorque, " Urubu " trouxe Jobim em sua melhor fase, retomando a uma linha brasileiriíssima ao trabalhar sobre um tema de Jararaca ( José Luis Rodrigues Calazans, 1896-1977 ) em "O Bôto", dedica duas antológicas canções a musas inspuiradoras - Ligia e Angela - regrava " corrente " em parceria com Luis Bonfá e, especialmente,tem seu aspecto instrumental com "Saudades do Brazil ", "Valse", " Aquitetura de Morar " e " O homem "-este, um dos temas criados em 1960 quando, convite do presidente Juscelino Kubistchek compôs com Vinicius " A sinfônia de Brasilia ", obra praticamente inédita e que a CBS deveria ralançar comercialmente H há 5 anos fez uma tiragem apenas para Secretaria de Turismo do Distrito Federal. Album duplo gravado em 1980, " Terra Brasilis " aparece agora em dois discos isolados. O mesmo capricho e carinho que marcou " Urubu ", está presente nesta produção novamente com arranjos e regencia de Ogerman e produção do mestre Aloysio Oliveira, talvez o record man mais identificado a Jobim,desde seu inicio de carreira. Se " Urubu " foi um álbum up-to-date para a época, com propostas de músicais novas. " Terra Brasilis ", pelo fato de ser deenvolvido originalmente em dois elepês, possilbilitou um painel mais amplo. Pena que nesta nova edição, seprando-se os elepês, não haja possibilidades de reprodução de desenho explicação dos desenhos da capa: as 22 espécies de animais e aves que povoam o mapa do Brasil, com ironicamente,a foto de Jobim identifica por "Homo Áustralis Incognito ". É uma viagem de mais belas que se faz ao longo das 20 faixas deste elepê, marcos da obra de Jobim com vários parceiros : " vivo Sonhando ", " Canta Mais ", " Olha Maria ", Samba de uma Nota Só ", " Dindi ", "Quite Nights ", "Desafinado ", "Voce Vai ver ", "Estrada do Sol ", " Garota de Ipanema ", " Se Todos Fossem Iguais a Você ", " Falando de Amor ", " Modinha ", " Sabiá ", " Estrada Branca " e dois temas menos conhecidos, instrimental "Marina Del Rey" e " Two Kites" ( Things in The Skies ). Realmente, "Urubu" e " Terra Brasilis " são momentos definitivos e maiores na música internacional. Reeditá-los e agora conservá-los em catálogo é obrigação primeira da WEA. E ouvi-los a cada manhã é receita para se ter um dia feliz, pois é impossível ficar de mau humor ao som de Jobim. LEGENDA DA FOTO - Tom Jobim volta com que fez de melhor em sua carreira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
28/04/1985

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