Velho Metralha, volta ao seu chão: os seresteiros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de novembro de 1991
Ao longo de 50 anos de carreira, Nelson Gonçalves já gravou tudo que era possível. Do romantismo brega de Adelino Moreira - por mais de 20 anos o seu "alter ego" - o gaúcho de Livramento que está entre os cantores mais populares do país, evoluiu para um repertório mais atualizado chegando até a Bossa Nova (verdade que só recentemente) e dividindo seus discos com cantoras famosas. Cantor que faz um disco em poucas horas e que garante a Barclay (ex-RCA, sua gravadora desde o início de carreira), Nelson é o artista com maior número de discos em catálogo, recorde que diz, em sua pouca modéstia, ser superior até a Sinatra.
Em seu novo disco, Nelson volta ao repertório que tem um público da maior fidelidade: a seresta. Assim, com a participação de músicos da maior competência como César Farias, Rafael Rabelo e Dino 7 Cordas (violão), Altamiro Carrilho (flauta), Caçulinha (acordeon), Diminho (baixo), Jorge José (cavaquinho) e mais quatro cellos, o "Metralha" desfila um repertório de serestas clássicas como "Sertaneja" (Rene Bittencourt), "Pierrô" (Joubert de Carvalho / Paschoal Caros Magno), "As Três Lágrimas" (Ary Barroso), "Velho Realejo" (Custódio Mesquita / Sady Cabral), "Boa Noite Amor" (José Maria de Abreu / Francisco Matoso), "Deusa da Minha Rua" (Newton Teixeira / Jorge Faraj) e três antológicas parcerias daquele que continua a ser o maior de todos os seresteiros - Sílvio Caldas - com letras de Orestes Barbosa: o "hino nacional do gênero", "Chão de Estrelas", "Serenata" e "Quase que eu Disse". Um disco coerente, de endereço certo.
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