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Aramis

Vange, uma voz que une o pop ao tropicalismo

O nome é estranho e a capa tão vanguardamente criado por Jimmy Leroy com a utilização de fotos de Rochelle Costi e Yara Amélia Rocha que a confusão pode até se estabelecer: será esta Vange uma nova cantora americana - ou mesmo o nome de mais um grupo pop? Nada disto. Vange Leonel, cantora e compositora, não é uma estreante e seu primeiro disco, como vocalista do grupo Nau, foi lançado em 1987 pela gravadora CBS. Ela resistiu e agora a nova Sony investe em seu primeiro disco solo. O álbum "Vange", produzido por Nando Reis e co-produzido por Charles Gavin dos Titãs, traz dez composições inéditas de Vange e Climara Badaque. Para conferir, vale a pena ver como é apresentado: "autodefinido como música pop brasileira, o resultado sonoro deste trabalho foi conseguido através da formação de um núcleo básico composto por Vange Leonel nos teclados e vocais, Nando no baixo e violão, Charles Gavin na bateria e Climara Badaque na produção executiva". Vange é uma cantora jovem, destinada a consumo do público que lota espaços como Aeroanta e similares - jamais um teatro intimista como o Paiol (que aliás, tem sido erroneamente programado para alguns artistas jovens). Afinal, como se entusiasmaram alguns disc-reviews antenados com a música pop, Vange incorpora elementos do pop internacional à estrutura da canção da música brasileira - numa comunicação com faixas abaixo dos 25 anos que normalmente - e por ignorância e má formação musical) - desprezam a nossa MPB. Sem tentar pesquisas arqueologicamente sonoras mais profundas, Vange não deixa ao menos de voltar a fase da Tropicália, regravando "Divino Maravilhoso", criação de Caetano, Gil e Gal, "reforçando a idéia da assimilação antropofágica do pop internacional pela música brasileira, caminho aberto pelo tropicalismo no final dos anos 60". Numa época em que se teme por um afastamento cada vez maior das faixas jovens da música brasileira, fazer com que mesmo Caetano e Gil sejam entendidos pela geração nascida nos anos 80, já é salutar. E por isto, Vange Leonel merece o espaço que vem ocupando no da generosidade com que a mídia nacional acolheu esta sua estréia solo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
22/09/1991

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