Uma escola musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de junho de 1974
O professor Romeu Gomes de Miranda, do Colégio Hardy, confirma em termos locais aquilo que justificou uma nostálgica crônica de Fernando Sabino na revista "Realidade" (junho/74): "Agora a escola é risonha e franca". Comparando o ensino do português nos anos 30 no Ginásio Mineiro, em Belo Horizonte, aos métodos atuais ele escreve: "Sujeito, predicado e complemento. Concordância, regência. Figuras de retórica. Idiotismos lingüisticos. Já aprendemos o que é anacoluto - não é palavrão. Aprendemos outras coisas também - algumas que cheiram a dentista, como próclise, mesóclise. Só que dentro em pouco esqueceremos tudo". Com entusiasmo o autor de "O Encontro Marcado" fala das novas fórmulas do ensino da língua: livros ricamente ilustrados com textos de autores contemporâneos substituindo "os clássicos abominados", até o nome da cadeira mudou: Comunicação em Língua Portuguesa. Em Curitiba, o professor Romeu, mestre de idéias novas, do Colégio Hardy - como muitos outros, por certo, marca pontos junto aos seus entusiásticos alunos da 7ª série do primeiro Grau - ou seja o 2º ano do antigo ginásio: solicitou trabalhos de pesquisa, com análise e interpretação da vida e obra de alguns compositores brasileiros. Assim, quatro garotos de 11 anos, com ilustres sobrenomes - Douglas Renaux, Murilo Meister, Luiz Aizenthal e Henrique Munhoz da Rocha - estão terminando neste fim de semana uma análise das músicas de Chico Buarque de Hollanda, enquanto outras equipes trabalham sobre as canções de Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Agora a escola não é apenas (mais) risonha e franca. É sobretudo musical. Com um saudável som verde-amarelo.
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