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Aramis

Um teatro em italiano para divertir a todos

A tradição de teatro em línguas estrangeiras em Curitiba é grande. Afinal, pela própria colonização polonesa, italiana, alemã, ucraniana, etc., e a tradição que os imigrantes trouxeram fez com que por muitas décadas, quando as atividades culturais eram centralizadas em sociedades das comunidades étnicas, existiam atuantes grupos que aqui faziam encenações de peças nos idiomas de seus países. Eis, aliás, um tema para uma boa pesquisa, que poderá trazer interessantes revelações e que dentro da visão do superintendente Constantino Viaro, bem que poderia ter um financiamento da Fundação Teatro Guaíra. xxx A partir dos anos 50, entretanto, os grupos amadores ligados as sociedades alemãs, polonesas e italianas, especialmente, foram esvaziados. Durante muito tempo nada praticamente se fez em termos de cultura teatral, mesmo nas sociedades mais sólidas. Felizmente, algumas iniciativas fazem renascer esta tradição, como dá exemplo o grupo teatral Ítalo-Brasileiro que está apresentado a comédia "Non Tutti Ladri Vengono Per Nuocere", de um dos mais importantes dramaturgos italianos contemporâneos, Dario Fo (mini-auditório Glauco Flores de Sá Brito, 21 horas, até domingo). Com apoio do Consulado Geral da Itália e dirigida por um não-italiano, mas com uma boa bagagem profissional, Warly Martins Ribeiro, esta comédia irreverente e satírica (como, aliás, é toda a obra de Fo) está tendo um bom público - mesmo aquele que não é familiarizado com a língua de Dante. A atriz Marta Marilia Tonim, 28 anos, uma das mais entusiastas do grupo, garante: - "O espetáculo é tão comunicativo que mesmo quem não entende nada de italiano consegue acompanhar a peça". xxx O grupo teatral Ítalo-Brasileiro foi criado há dois anos, quando montando "Lá Loncadiera", de Carlos Goldoni, lotou por várias noites o mini-auditório Glauco Flores de Sá Brito. Em seguida, foi convidado pela Federação Independente do Teatro Amador do Paraná a participar do III Ciclo de Leituras, apresentando "Cordélia Brasil", de Antônio Bivar. No ano passado, o grupo partiu para uma criação coletiva - "A Tragicômica Estória de Giuseppe Scarafaggio e Confusione", percorrendo várias cidades. Este ano, após outra peça própria, "Querida Amiga... Querido Amigo", o grupo decidiu fazer uma experiência mais audaciosa. Obtendo os direitos de um texto inédito no Brasil de Dario Fo - "no qual o dramaturgo milanês investe contra os padrões éticos e morais da burguesia sem conteúdo, carcomida por relações superficiais e fantasiosas", como diz o diretor Warly Ribeiro, desde o dia 14 um espetáculo bem acabado, e principalmente, encenado com garra, está no mini-auditório do Guaíra. xxx Dentro da tradição do melhor teatro amador o elenco reúne profissionais liberais e estudantes que, sacrificando suas horas de folga, fazem das tripas coração para dar o melhor de si no palco. Marta Marília Tonim, advogada e apaixonada por teatro, é uma das integrantes do grupo, que reúne Ariadne Smighel, 24, engenheira-eletricista; Carla Maccarini, 22, advogada; Dilete Denez, 23, estudante; Marcelo Tenório, 33, designer; Pedro de Massi, 30, engenheiro eletricista e Laércio Luchtemberg, gerente de farmácia. Os cenários foram criados por Marcelo Tenório e o diretor Warly Martins Ribeiro teve como assistente de direção Pedro Masi. LEGENDA FOTO - Marta Tonim e Marcelo Tenório em "Non Tutti Ladri Vengono Per Nuocere", de Dario Fo: teatro em italiano no mini-auditório Glauco Flores de Sá Brito (foto de Gustavo Harte).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
22/09/1989

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