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Aramis

Um retrato colorido do governado José Richa

Uma entrevista de seis páginas, ilustrada a cores, com o governador José Richa, abre, na edição da revista "Visão "que desde ontem está nas bancas, a série "Retrato do Brasil ". Em entrevistas exclusivas, governadores estarão apresentando seu Estado aos eleitores. O objetivo: aproximar o País. Fazer com que os brasileiros se conheçam melhor. Sempre que se fala de um pedaço de chão, acaba surgindo a gente que aí vive. A jornalista Regina Helena de Paiva Ramos, editora de "O Pais " , de "Visão ", esteve no Sul, há 3 semanas, entrevistando os governadores Jair soares, Esperidião Amim e José Richa. E escolheu o Paraná para abrir a série, que prosseguirá quinzenalmente. O próximo a ser focalizado será o governador Divaldo Suruagy, de Alagoas. X José Richa fala do Paraná, com euforia, entusiasmo e otimismo. Chega a comparar a fertilidade das terras do Paraná à Ucrânia. "O potencial agrícola do Estado é tão grande que, com 2,3% do território nacional, é capaz de produzir, em média, como tem produzido nos últimos quinze ao vinte anos, de 15% a 20%, quase 25% do total agrícola nacional". O entusiasmo de Richa vai também à diversificação de nossa produção agrícola: "O Paraná tem condições de produzir - e tem produzido, ocupando sempre o primeiro ou o segundo lugar - doze dos trezes produtos agrícolas mais importantes do País. Aqui só não se produz cacau. O resto - Todos os produtos importantes da agricultura - é produzido no Paraná e em quantidade. Para completar a vantagem, em termos de recursos, naturais, temos os recursos humanos". Nessa altura, Richa enaltece os povos de todas as raças que aqui se fixaram: "O paranaense é um pioneiro nato. E para cá ocorreram todos aqueles de espirito pioneiro e vontade de trabalhar. Tanto é que, faz um ano e meio atrás, uma revista fez uma pesquisa para apurar qual o Estado em que o povo trabalha mais horas semanais e o Paraná ganhou estourado..." X Jornalista ágil e experiente, Regina Helena procurou, também mostra o lado humano de José Richa, seus hábitos e costumes. Assim, o governador revelou que seu hábito é acordar às seis horas da manhã, "independentemente da hora em que for dormir". Acorda, lê os jornais, ouve as noticias e vai para o Palácio, "onde fico, em média, até 8,9,10 horas da noite". Apesar da fama de glutão, o poder tem feito Richa diminuir o número de refeições. Explica, bem humorado: "Como muito bem, gosto de comer. Mas, enquanto não vejo comida, não me lembro que tenho de comer. Então, dizem meus amigos, se eu fosse cego, seria bem magrinho. Não vendo comida, não tenho fome. E, como o volume de serviço é muito grande, normalmente não tenho tempo de comer, vou deixando e aí não dá mais. As vezes, almoço na hora do jantar ou, então, chego em casa, está todo mundo dormindo, e ai não janto mais. Porque, na minha casa, só sei onde se guardam os copos. O resto não sei". Tendo acompanhado o governador José Richa por algumas horas, em Londrina, no mês de junho, Regina Helena traça um perfil de sua personalidade. Diz: "É um homem simples, bonacheirão, com leve sotaque de caipira paulista ( o Norte do Paraná assimilou muito a pronúncia paulista). Homem de pouca etiqueta, confessa-se um glutão ( mas tempo para comer é o que lhe falta!) e se queixa, franco: "Ganho muito mal. Você acha que há condições para um governador de Estado viver com salário de um milhão de cruzeiro? ". Palácio residencial? O Governo do Paraná não tem. José Richa está vivendo numa propriedade do governo a 30 Km de Curitiba, e Leonardo Henrique, o assessor de Imprensa, brinca: - "Você acha que ele mora lá porque prefere o ar do campo? Nada disso, é que o calário dele não da para pagar o aluguel de uma casa". Esporte? "Ainda corro um pouquinho atrás da bola. Mas tenho jogado muito raramente". Cinema e teatro? Foi uma vez ao cinema e uma vez ao teatro, desde que assumiu o governo do Paraná. Preferências culinárias? - "Sou um gourmet. Como por prazer, sei apreciar. Gosto de pratos árabes, mas adoro uma comidinha bem-feita: qualquer comida bem-feita me agrada". X Richa se mostra preocupado com o pouco tempo que dispõe para estar com seus filhos. Explicou a Regina Helena: - "Meus filhos estão numa idade em que precisariam de um pai que tivesse mais tempo para eles, que se mostrasse mais amigo no sentido de relacionamento familiar, que isso entre nós é muito bom. Mas amigo no sentido de estar mais disponível para eles, para ajudá-los a enfrentar crisezinhas existenciais dessa fase da vida deles. Eu tenho três filhos - 17, 18 e 19 anos. É uma fase na qual, se eu pudesse dispor de mais tempo, poderia ser muito útil. Mas felizmente eles compreendem. São três criaturas adoráveis, comportamento exemplar, estudiosos, tanto que os dois mais velhos já estão na universidade: terceiro e segundo ano de engenharia. O meu caçula está terminando o 2º grau. Esse agora de política. Acompanha bem minhas atividades, torce por elas. É muito polítizado. Os dois mais velhos, não. Pelo que eu percebo, têm até um pouco de raiva da política". Sobre sua saúde, é otimista. Não faz check-up e acha que uma das boas formas de não se preocupar com a saúde é se preocupar com ela. - "A cabeça também influi muito no estado físico. Se a gente não tem muito tempo de pensar em doenças, acaba não contraindo doenças. Durante todo esse tempo de governo eu só tive um resfriado insignificante. Minha saúde é ótima. Se depender da minha saúde, meu companheiro vice-governador vai ficar na cerca até o fim".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
07/07/1984

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