Um projeto que deu certo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de maio de 1989
Nos três primeiros anos do Projeto Pixinguinha (1977/79), os melhores elencos de nomes da MPB - geralmente dois artistas consagrados e um estreante, mais músicos - lotaram todas as sessões do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Marinho Gallera, hoje dedicando-se apenas à publicidade, era o administrador regional do projeto, que estabeleceu grande empatia com a comunidade artística local.
A partir de 1980, o projeto passou a fazer outros roteiros - beneficiando no Paraná as cidades de Londrina, Maringá (a partir de 1982), Cascavel e Toledo (1983). Nos últimos dois anos, por dificuldades econômicas, os roteiros foram reduzidos para apenas seis cidades no Nordeste. Em onze anos, o projeto atingiu 46 cidades nos 22 estados, dois territórios e Brasília.
xxx
A importância do Projeto Pixinguinha, levando os melhores nomes da nossa música popular - especialmente (re)valorizando artistas que estavam esquecidas pela chamada mídia eletrônica e abrindo janelas para novos talentos - exibe números impressionantes. Um público total de 2.320.921 espectadores compareceu em 3.673 espetáculos. O recorde foi no segundo ano do evento, quando 567.360 pessoas assistiram 740 espetáculos - cinco em cada uma das 14 cidades atingidas.
No total, o projeto já atingiu 59 meses e 20 dias, com 4.979 horas em teatros e salas de espetáculos. Os ingressos variaram de Crz$ 10,00 (antigos, 1977) a Crz$ 200,00 (1988).
xxx
Outros números que comprovam a importância deste evento. Nos 189 elencos organizados, participaram 539 artistas principais e mais 376 participações especiais. 1.767 músicos (dos quais 694 regionais, das cidades atingidas) subiram aos palcos nestes 11 anos, cujos shows movimentaram 189 diretores artísticos e 161 administradores - 141 dos quais regionais, já que uma das preocupações de Paulo César, como coordenador geral, foi sempre a valorização dos elementos de cada cidade.
xxx
3.298 compositores tiveram suas composições executadas no projeto, o que significou uma arrecadação pela ECAD de NCz$ 1.253.574,65. Da arrecadação nas bilheterias, foi pago aos artistas, em cruzeiros, Crz$ 3.180.302,74 - e mais Crz$ 2.208.831,28 aos músicos.
xxx
Nada menos que 36 projetos similares ao Pixinguinha foram realizados nestes últimos anos - como Jaime Ovalle, Franqueza (em homenagem ao compositor Osório Guilherme, autor de "Franqueza", gravado por Maísa); Gente Nossa e Luís Assunção (Fortaleza); Torquato Neto (Teresina); Glauber Rocha (Ilhéus); Cara a Cara e Pés à Cabeça (Brasília); Araponga (João Pessoa); Zé Menininho (Natal), entre outros.
Enfim, mais do que simplesmente levar os melhores nomes da MPB ao grande público, o Pixinguinha - fazendo juz ao seu patrono - semeou dividendos paralelos. Um projeto que justifica o investimento feito e que merece todo apoio.
xxx
O primeiro elenco que inaugurou o Pixinguinha, há 12 anos, trazia Nana Caymmi e Ivan Lins - hoje superstars. Mesmo com preços hoje bem mais altos do que cobravam em 1977, estes nomes se dispõem a fazer um novo roteiro. É uma possibilidade...
LEGENDA FOTO - Nana Caymmi: a grande voz que inaugurou o Projeto Pixinguinha em 1977. Talvez volte...
Enviar novo comentário