Um poeta consciente, político e romântico
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de junho de 1990
Numa feliz coincidência, enquanto a WEA traz às lojas o novo álbum de Gonzaguinha, a EMI-Odeon incluiu na série Performance (CD, fita-cromo e elepê) um álbum antológico de Gonzaguinha. Nesta seleção de Francisco Rodrigues, é possível fazer uma viagem sonora com o Gonzaga Jr., dos anos 70/80, através de alguns de seus momentos mais significativos, registrados na longa fase em que foi contratado da Odeon.
São canções representativas de um período marcante, com uma poesia densa, reflexiva - que ganha maior expressão ao ser reapreciada agora - provando que o tempo só melhorou a sua obra.
Assim, o lado um abre com "Grito de Alerta" ("Há um lado carente dizendo que sim/E essa vida da gente gritando que não"), prosseguindo com "Eu apenas queria que você soubesse" ("... que aquela alegria ainda está comigo/E que a minha ternura não ficou na estrada/Não ficou no tempo, presa na poeira"), "Comportamento Geral" ("Tudo vai bem, tudo legal/Cerveja, samba e amanhã, seu Zé/Se acabarem com teu carnaval"). Duas canções que lhe valeram, em certa época o (carinhoso?) apelido de "Moleque Gonzaguinha" - "Com a perna no mundo" e "Moleque". Encerrando o lado um, um momento de terno amor: "Diga lá Coração".
No lado 2, outro desfile de grandes momentos: "O que é o que é", "Lindo Lago do Amor", "Sangrando", "Um Homem Também Chora" (Guerreiro Menino), "Não dá mais pra segurar", e, "finalmente, o verdadeiro hino - que vale como esperança, ânimo e solidariedade: "Começaria tudo outra vez".
E não estamos sós
Veja meu bem
A orquestra nos espera
por favor
mais uma vez
Recomeçar
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