Um lobo no palco (e a bela Torloni)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de outubro de 1988
José Possi Neto é o novo golden boy do teatro brasileiro. O mais requisitado encenador nos palcos destes últimos cinco anos, vem acumulando sucesso em montagens que vão desde produções complexas até direção de desfiles de jóias - como fez para a H. Stern, há algum tempo.
Depois do mergulho dilacerante no fim de caso de duas pessoas de meia idade ("De Braços Abertos", de Maria Adelaide), Possi dá vida, garra e toda a emoção ao universo de um ator veterano, Paulo Prado (Raul Cortez), que aos 50 anos questiona sua vida, seus fantasmas: o fato de não ter vivido em toda sua plenitude o seu "grande momento" (nunca fez "Hamlet" e sabe que está velho para isso) e a decadência física, terrível para quem, sendo ator, é movido pela vaidade. E a crise da separação da bela mulher, também atriz, Júlia Ferraz (Cristiane Torloni) e a paixão assumida por um jovem ator, Fernando (Renato Modesto). Sobre este triângulo, foi construído um dos mais aplaudidos espetáculos da temporada paulista de 1977 - "Lobo de Ray-Ban", de Renato Borghi, 50 anos, ator (e eventualmente diretor) desde os tempos do Oficina, que, por certo, colocou muito de seu, de suas experiências nesta peça que se constitui na mais importante estréia da semana (6 a 9, 21 horas, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, ingressos entre Cz$ 2.000,00 e Cz$ 1000,00).
Enviar novo comentário