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Aramis

Um cordel de Drummond com a música de Sérgio sobre o João e a Joana.

Há mais de 3 anos que uma jovem pesquisadora paranaense, Regina Ramos, trabalha numa tese muito especial: a obra e as idéias de Sérgio Ricardo. Aliás, João Mansur Lufti, conforme seu registro de nascimento. O trabalho é amplo. Afinal há muitos artistas numa única pessoa. O menino que estudou num conservatório, o radialista que trabalhou na Cultura de Santos, o pianista das madrugadas de Copacabana, substituindo a Tom Jobim que começava sua carreira de arranjador. Na época da Bossa Nova, as primeiras composições ("Cafezinho"), o primeiro sucesso ("Buquê de Isabel", gravado por Maísa, 1958), o intimismo melancólico de seus dois primeiros lps na Odeon (Sem contar um disco instrumental, feito em 1959 e até hoje a maior raridade musical). Houve o ator das primeiras telenovelas montadas em São Paulo e logo aparecia o Sérgio Ricardo social - a partir do clássico "Zelão" ("Todo mundo entedeu quando Zelão chorou/ninguém riu/nem cantou/e era carnaval"), praticamente um roteiro de filme a espera de financiamento. Aliás, a visão do cineasta sempre esteve presente em sua obra (veja-se o "Beto Bom de Bola") musical. Um primeiro curta ("O Menino de Calça Branca", 61), premiado no Exterior, o primeiro longa ("Esse Mundo é meu", 63), as trilhas para os filmes do amigo Glauber ("Deus e o Diabo na Terra do Sol", "Terra em Transe"), uma temporada no Líbano onde realizou o documnetário "O Pássaro da Aldeia" - sempre entremeados de alguns discos simplesmente antológicos, que em qualquer país culturalmente desenvolvido permaneceriam sempre em catálogo ("Um Senhor Talento", "O Mundo Musical de Sérgio Ricardo", "A Grande Música de Sérgio Ricardo", "Arrebentação" etc.). O lírico cineasta de "Juliana do Amor Perdido", o compositor de trilhas antológicas para espetáculos teatrais e filmes como "O Auto da Compadecida" - a idealização do projeto "Disco de Bolso", que revelaria Fagner e João Bosco, além de ter a primeira gravação do clássico "Águas de Março" (Tom). Enfim, falar de Sérgio Ricardo exige muito espaço e por isto a tese de Regina Ramos tem que ser concluída, para resgatar um pouco da imensa dimensão que este Senhor Talento, (como seu amigo Aloysio de Oliveira o chamou num dos discos) possui. Pobre do País que não sabe valorizar expressões como Sérgio Ricardo, poeta, artista e homem de seu tempo. E que por ter uma obra digna e grande demais não [freqüenta] as paradas de sucesso e tem que arcar com suadas economias para fazer trabalhos antológicos como este bailado-show-disco "Estórias de João e Maria" , que ao menos sonoramente pode ser conseguido aos que se dispuserem a gastar Cr$ 40 mil e o solicitarem pelo reembolso postal.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Claudio
Up-to-date
7
18/08/1985

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