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Aramis

Um amplo campo para estudos e pesquisas

Ao se decidir pela elaboração de um projeto com as diretrizes de desenvolvimento regional dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, a empresa binacional, através de sua diretoria de coordenação, ocupada pelo engenheiro Luís Eduardo Veiga Lopes, centrou os estudos basicamente sobre sete municípios: Guaíra e Santa Helena, com suas sedes à beira do seu espelho d'água e cinco outros - Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Missal, Marechal Cândido Rondon e Medianeira, que apesar de terem suas sedes distantes alguns quilômetros do lago possuem populações residentes em vilas ribeirinhas. Foz do Iguaçu, cidade-pólo (e sede) da usina, por suas próprias características, já vinha tendo uma ação direta, das transformações que a chamada Era da Itaipu provocou a partir dos anos 70, não necessitando, portanto, dos estudos específicos que eram erguidos pelos outros municípios atingidos. Um outro município havia tido uma aproximação mínima com o lago - menos de 0,2% - Terra Roxa, ficando assim, fora do projeto básico. No lado paraguaio, o lago e lindeiro de várias províncias, mas especificamente duas elas de grande importância - Cidade Leste (ex-Puerto Stroessner) e Salto de Guairá, atingindo depois pequenos povoados. De princípio, muitas das sugestões e propostas levantadas para os municípios paranaenses lindeiros ao lago poderão (e deverão) serem aproveitados no lado paraguaio, dentro do regime de reciprocidade da binacional Itaipu - embora naquele lado haja algumas condições diversas - e que só estudos aprofundados poderão levantar detalhadamente. xxx Apesar dos sérios problemas econômicos atravessados pelo país nos últimos anos, o ex-governador Ney Braga, que assumiu a presidência da Itaipu em maio de 1985, conseguiu desenvolver várias benfeitorias relacionadas a região, refletindo-se em construções de salas de aula, canchas esportivas, estradas, pontes etc. Porém, a preocupação maior era a de se interrrelacionar com toda a área de sua abrangência - especialmente os municípios lindeiros do lago - e em conjunto, da maneira mais adequada promover o correto desenvolvimento da região, como salienta a arquiteta Maria Helena Paranhos, 34 anos, da turma de 1975 da Universidade Federal do Paraná, e há três anos coordenadora do Departamento de Desenvolvimento Regional. Na prática, a elaboração do documento cuja síntese hoje encerramos, representa esta contribuição maior, pois através da soma de esforços de vários profissionais, contratados como consultores do Instituto Iguaçu de Pesquisa e Preservação Ambiental foi possível se chegar a propostas enxutas, objetivas - prontas a serem esmiuçadas para, se passar a uma nova fase - agora executiva, mas que, obviamente, dependerá da vontade político-administrativa da diretoria da empresa, que deverá ter, em sua parte brasileira, modificações com a posse do presidente Collor de Mello. xxx A médio prazo, um dos reflexos de Itaipu tem condicionantes internacionais, pois sendo uma região de fronteira direta com a Argentina e o Paraguai, podendo através deste país utilizando a Rodovia Panamericana, atingir a Bolívia e até o Peru, concluiu-se, portanto, que geograficamente é uma posição especialmente estratégica e privilegiada. Partindo deste fato, o projeto faz a observação de que tendo uma das superfícies de plantio mais amplos e produtivas do mundo, mediante culturas destinadas a alimentos, sendo Itaipu, a maior hidrelétrica do planeta, ao lado de um lago monumental de potencialidades notáveis em termos lacustres e de piscicultura e um programa de proteção ao meio ambiente, incluindo o Parque Nacional do Iguaçu e as Cataratas do Iguaçu, resulta num conjunto de equipamentos reunidos na região e em especial de fronteira internacional. Portanto, é o caso de ali - pelas razões apresentadas - vários países, principalmente da América do Sul, estudarem esquemas de tecnologias alternativas ou alta tecnologia em termos de energia, alimentos, superfícies lacustres, meio ambiente etc. Assim, problemas atualmente emergentes e estratégicos como estes, através de um estudo comum poderiam ser implementados em suas regiões, ou então se chegar a soluções padrões, para serem aplicadas em um grande número de países. Itaipu, então, poderia se caracterizar como um centro irradiador de tecnologias que servisse como modelo para criar metodologias adequadas aos países do Cone Sul. Uma proposta final é a de criar ao longo do lago, em locais estratégicos, grandes complexos educacionais de âmbito internacional, envolvendo países latino-americanos, que poderiam se compor num condomínio rateando custos, utilizando e treinando técnicos de suas regiões e garantindo o ensino de alta especialização in loco, ou seja, nos próprios locais onde se localizam as atividades. O presidente da Binacional Itaipu, Ney Braga, se entusiasmou com essa idéia, um projeto sem dúvida altamente ambicioso e que demandará inúmeras negociações internacionais, mas que, "se ocorrerem, não há dúvida que atrairá a atenção de inúmeras nações no sentido de se uniformizar tecnologias para vários países".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
10/02/1990

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