Ucranianos em congresso para estudar sua cultura
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1987
A realização do 14º Congresso da Juventude Ucraniana em Curitiba, neste último fim-de-semana, proporcionou que na sede do Clube Ucraniano Brasileiro fosse exibido, pela primeira vez no Brasil, um contundente documentário denunciando a grande fome provocada na República Socialista da Ucrania, em 1933, pelo governo stalinista: "The Harvest of Despair" (A Colheita do Desespero).
Produção independente, com imagens de grande força e depoimentos emocionantes, este filme já provocou inclusive uma resposta, também em forma de filme, por parte da URSS, que vem exibindo-o em vários países, inclusive no Brasil.
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A reunião dos jovens ucranianos foi prestigiada na abertura com a presença da deputada Vera Agibert, que é filha de ucranianos: seu nome de solteiro é Vitchemischen, nasceu em Prudentópolis - sede da maior colônia ucraniana do Estado e, identificada etnicamente, promete que vai se preocupar em fortalecer o Centro Brasileiro de Estudos Ucranianos, presidido pela professora Nadia Lewtchuka Kercuka, que, por sinal, retornando na quarta-feira de Londres, via Madri, no sábado já fazia [a] primeira das palestras do Congresso. Nadia abordou a "A Herança Cultural Ucraniana", mostrando aos jovens a presença da cultura ucraniana no Brasil - e a importância de se aprofundar os estudos a respeito. Para tanto, foi lançado um concurso de ensaios, com trinta diferentes temas.
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Nadia Lewtchuka, professora de ucraniano na Universidade Federal do Paraná e teaching-trainnin da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa, passou dois meses na Europa. Em Lisboa, fez palestras sobre Clarice Lispector e literatura brasileira na Faculdade de Nova Lisboa, enquanto no Núcleo de Estudos do Oeste da Universidade de Lisboa falou sobre lingüística e mereceu convite de diretores da Fundação Caloustian Gulbenkian para retornar a Portugal, com bolsa de estudos.
Em Londres, na School of Slavonin and East European Studies, participou de seminário sobre aspectos do planejamento lingüístico, fez pesquisas, deu conferências e acabou também tendo o convite para fazer seu Doutorado em Lingüística Eslava, especialidade na qual é uma das mestras no Brasil.
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Agora, Nadia vai dinamizar o Centro Brasileiro de Estudos Ucranianos, instituição fundada há anos mas que esteve com suas atividades congeladas por muito tempo. Entre os projetos de Nadia está a elaboração e edição de um dicionário Brasileiro-Ucraniano, além de maior divulgação da literatura ucraniana no Brasil. Aliás, ela já traduziu vários autores, inclusive deliciosas estórias infantis, lançadas no final do ano passado pela Editora Arco-Iris.
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