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Aramis

Tunai, o favorito das superstars da canção

Não deve ser fácil carregar o fardo de ter um irmão superstar. O drama já atingiu dezenas de talentos, muitos dos quais não resistiram à pressão das comparações. No caso de Tunai (Antonio Freitas Mucci, Ponte Nova, MG, 1950), a força do irmão João Bosco - hoje um dos 5 mais importantes compositores-intérpretes do Brasil, não chegou a balançar sua cabeça. Ao contrário, em que pese a fraternal amizade e admiração mútua, cada um segue o seu caminho. Bosco, cada vez numa linha mais afro e internacional, quanto Tunai, com alguns parceiros de grande fidelidade - especialmente Sérgio Natureza - vem construindo sólida carreira, especialmente de compositor - com gravações tão bem sucedidas que ganhou a adjetivação de "o favorito de 9 entre 10 estrelas da MPB". Mas como afinado intérprete, Tunai chega também agora ao seu quarto elepê (Barclay), como uma unidade maior do que "Em Cartaz" (1984) e no qual estão canções que farejam o sucesso como "Sintonia" que abre o lado A. Aliás, as melodias de Tunai estão cada vez mais ricas e simples ao mesmo tempo, nas quais se encaixam com precisão as letras de seu parceiro - Sérgio Natureza - que é para sua obra, aquilo que Aldir Blanc representa para João Bosco. Dois anos antes de fazer o seu primeiro lp ("Todos os Tons", Polygram, 1981), Tunai começou a aparecer com composições, especialmente "As Aparências Enganam" gravada por Elis Regina (lp "Essa Mulher", WEA) . Outras belas vozes cantaram novas músicas de Tunai, como Fafá de Belém ("Na Hora Certa" e "Se Eu Disser"), Nana Caymmi ("Pra Sempre"), Zezé Motta ("Trovoada"), Quarteto em Cy ("Nadando no Seco"), Emílio Santiago ("Perdão"), Milton Nascimento ("Certas Canções"), Beto Guedes ("Rádio Experiência"), Joanna ("Animal Tropical"), Gal Costa ("Olhos do Coração" e "Eternamente"), Simone ("Depois das Dez" e "Só de Amor e, por último, Elba Ramalho, que elegeu "Fogo na Mistura" para canção-título de seu novo lp. Tunai é um compositor de balanço certo, expressivo como cantor e que tem a felicidade de trazer uma poesia moderna, providenciada especialmente por Natureza - eventualmente também com ajuda de Lula Quiroga ("No Ar"). O excelente tecladista J. Moraes, da banda de Gonzaguinha - e que fez há quatro anos um esplêndido lp-solo (independente) - é o arranjador de sete das nove faixas deste LP. Se para seus shows, a exemplo do mano João Bosco, Tunai prefere acompanhar-se apenas ao violão, nas gravações deste disco produzido por Durval Ferreira houve uma arregimentação de ótimos músicos, além de afinados vocais para "Mil Maravilhas", "Cheio de Vontade" (esta a única composição e letra de Tunai) e, especialmente, "Fé na Vida". Tunai diz coisas bonitas em seu disco. É harmonioso, suave e propõe canções contemporaneamente poéticas, como diz em "Tocando Corações" - parceria com Liliane: Cantando, compondo/Tocando corações E cantando/Regendo, compondo Vão seguindo fazendo canções Colorindo o mundo/Tocando corações
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
38
15/09/1985

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