Login do usuário

Aramis

Tetê mostra a terra de Rose em Curitiba

Valeu a pena a cineasta Tetê de Moraes ter vindo a Curitiba, há um mês, para evitar que seu premiado "Terra para Rose" fosse "queimado" no Cine Groff, como pretendia a coordenação de cinema da Fundação Cultural, ao jogar para aquela sala - a pior do circuito oficial (excluindo a asfixiante Cinemateca, há muito necessitando de uma reforma) uma obra que merece tratamento especial. Tetê de Moraes, reconhecidamente a cineasta que realizou o documentário mais contundente sobre a questão dos sem-terras, ao focar o drama que há anos acontece na Fazenda Anoni, no Rio Grande do Sul, já recebeu doze prêmios - incluindo o "Gran Coral" no 9º Festival Internacional de Havana (dezembro/87). Antes, tinha levantado 6 "Candangos" no XX Festival de Brasília e depois obteve mais 4 prêmios na XVII Jornada Internacional de Cinema da Bahia. Portanto, ao exigir um bom lançamento de seu filme, Tetê não está pedindo favor! Para uma instituição mantida pelo povo, como é a Fundação Cultural / Secretaria Municipal de Cultura, é obrigação do seu setor de cinema (?), prestigiar filmes deste nível. xxx "Terra para Rose", um filme de visão obrigatória a todos que se interessam em conhecer a realidade brasileira, estréia nesta quinta-feira. Terça-feira houve uma pré-estréia e na Cinemateca do Museu Guido Viaro, poderão ser vistos outros dois documentários de Tetê: "Quando a Rua Vira Casa" e "Lages, a Força do Povo". Com isto, abre a mostra "O Documentário Brasileiro e a Terra", que inclui outros interessantes curtas e média-metragens, voltados ao problema da terra: "Nós e Eles", 1976, de Augusto Sevá; "Vento Contra", 1976, de Adriana Matoso; "Missa da Terra sem Males", 1980, de Conrado Beining; "O Desapropriado", 1984, de Frederico Fullgraff e "A Classe Roceira", 1985, de Berenice Mendes. Dia 10, no encerramento, será mostrado "Terra, a Medida de Ter", 1982, longa de Maria Helena Saldanha. xxx Falando em cinema documentário, Guido Araújo, ativíssimo como sempre, já está distribuindo o regulamento da XVIII Jornada Internacional de Cinema da Bahia (8 a 14 de setembro), que terá também o concurso de filme de vídeo latino-americano e da África de língua portuguesa. A exemplo do que Walkiria Barbosa, no Rio-Cine Festival, fará em agosto, a Jornada também dará especial atenção a uma mostra de filmes ecológicos. xxx Videomakers e realizadores de filmes em 16/35mm do Paraná estão desejosos de participarem da jornada - cujas inscrições encerram-se dia 30 de julho. Por exemplo, Palito, está desesperado em conseguir finalizar o seu curta "Lápis" (Palmilor Rodrigues, 1943-1978), já em fase de copião. Acontece que como a Fundação Brasileira de Cinema está sem recursos, a sua parte no convênio com a Secretaria da Cultura não pode ainda ser cumprida: arcar com as despesas de conclusão do filme. Palito, então, está tentando que a Secretaria da Cultura banque estas despesas - e receba posteriormente da Fundação Brasileira de Cinema. Só que até agora não conseguiu ainda sensibilizar os donos do poder cultural do Estado. Em termos de vídeo, a participação será mais segura: pelo menos 6 videomakers - inclusive a equipe que realizou "Josephine" - está esperançosa de conseguir entrar na jornada. Heloísa Passos, realizadora de "Miguel Bakun" - premiada no Curitiba Arte V, setor de vídeo - já providencia uma cópia para inscrever na jornada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/05/1989

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br