Tempo de Festival
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de fevereiro de 1977
Como nem sempre gordos currículos correspondem ao verdadeiro talento, o maestro japonês Kenjo Nagano, radicado nos Estados Unidos, retornou inesperadamente, deixando incompleto o principal trabalho que deveria fazer em Curitiba: a regência do concerto com a orquestra do Festival na noite de segunda-feira, o que obrigou o já atribulado e nervoso maestro Roberto Schnorrenberg a concluir o seu trabalho, aliás, com muita competência. Mas não houve tempo de ensaiar a peça que Marlos Nobre havia feito especialmente por encomenda do Festival e que deveria ter naquela ocasião a sua primeira apresentação mundial. O aviso ao diretor do Instituto Nacional da Música chegou quando já estava no Galeão, segunda-feira, embarcando para Curitiba e com isso, neste aspecto ele perdeu a viagem. Mas, em compensação manteve proveitosos contatos com as centenas de músicos que participam do Festival e prometeu voltar no próximo dia 7, quando a sua peça deverá ser incluída no programa de encerramento.
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Hoje Marlos Nobre viaja para a Paraíba, onde fará palestras, voltando do Rio para despachar processos urgentes e retornando a Curitiba no sábado. Apesar de ocupado com os múltiplos projetos do Instituto Nacional da Música, da qual é o primeiro diretor e que, por isso mesmo, o faz enfrentar maiores problemas, desde os administrativos até os diplomáticos, Marlos ainda encontra tempo para compor. Há 3 meses a Philips lançou um novo elepê com seus trabalhos e neste mês fez a peça, "uma homenagem a Bach", que terá agora sua estréia nacional, apresentada pela orquestra do Festival.
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A fuga do maestro Nagano, deixando incompleto o seu trabalho em Curitiba, foi uma das muitas dificuldades de última hora que a direção do Curso e Festival teve que contornar, pois, como sempre ocorre num evento desta envergadura, sempre há problemas inesperados. O que explica, inclusive, substituições nos programas dos concertos, os quais, por sinal, tem sido excelente prestigiamento de público. No de ontem à noite, um dos pontos altos foi o solo do flautista curitibano Norton Morozowicz, na peça "Assobio a Jato" de Vila Lobos. Primeiro flautista da Sinfônica Nacional, Norton viaja em março para os Estados Unidos, onde ao lado da pianista Nora de Almeida e do oboista Harold Emerd, fará concertos em Nova Iorque e Washington.
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Frank Justus Acker, responsável pela gravação de todos os concertos, está se empenhando para que no dia 8, quando do encerramento do Festival, possam ser distribuídos os dois primeiros dos cinco elepês contendo os melhores momentos da promoção. Prensados na Tapecar, mas com toda realização supervisionada exclusivamente por Frank, um respeitado recordo-man do setor clássico, os discos deverão apresentar boa qualidade técnica.
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