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Teatro Hauer poderá renascer no Bristol

É apenas coincidência mas não deixa de ser curioso: "Deus Como Te Amo", uma comédia açucarada que o espanhol Miguel Iglésias realizou há quinze anos, inspirado na canção de Domenico Molugno, logo após ter vencido o Festival de San Remo, Itália, em 1963, e, há quatorze anos, um dos filmes de maior bilheteria da fama Filmes. Desde que estreou no Brasil aliás, em Curitiba esta comedia estrelada pela cantriz Gigliola Cinquentti e Mark Demmon (que fez uma serie de pseudônimos históricos em Cineccitá), se revelou um dos maiores sucessos de bilheteria. Todas as vezes mais do que se poderia imaginar de forma que a Fama Filmes, já por três vezes renovou sua censura e providenciou cópias novas. Agora, os fatos: na primeira semana de janeiro de 1979, quando o grupo das Lojas Americanas e a Vitória Cinematográfica Ltda, concluíram as negociações para limpar os espaços ocupados pelos cines Ópera e Arlequim, nos térreos dos edifícios Heloísa (na Avenida Luiz Xavier) e Carlos Monteiro (no Largo Frederico Farias de Oliveira), o filme que estava sendo (mais uma vez) reprisado no Ópera era "Deus Como Te Amo". E fazendo uma bilheteria tão boa que com o fechamento daquele cinema, no dia 8.1.79, a fita passou para o Cinema 1, onde ficou mais duas semanas. Na semana passada, após ter feito boa renda no Vitória. "Deus Como Te Amo" foi transferido para o Cine Bristol, onde ficou até domingo em exibição. Segunda-feira, o Bristol não abriu suas portas. Oficialmente entrará em reformas, já que existem alguns problemas na velha construção. Mas também poderá não reabrir mais como cinema. Ou seja: a comédia romântica, "Dio Come Te Amo" marcaria então o fechamento de um segundo cinema de Curitiba. Xxx A historia do Cine Bristol ex-Marabá, ex-Teatro Hauer se perde no inicio do século. As pesquisas que fizemos em torno da historia do antigo teatro, inaugurado pelo imigrante Egg, ainda em fins do século passado, esbarram na falta de dados mais precisos, necessários de serem garimpados nas raras fontes uma tarefa para a equipe que trabalha na casa Romário Martins. O fato é que no prédio localizado na esquina da Mateus Leme 13 de Maio funcionou um café concerto, teatro e onde tiveram lugar algumas das primeiras experiências do "cinematografo". Esteve fechado por alguns anos, reabriu na década de 40 já então por iniciativa de Paulo Sá Pinto, da Empresa Cinematográfica Sul e, nos últimos 30 anos, sofreu pelo menos três grandes reformas em tentativas de atrair um público que vem escasseando cada vez mais, a tal ponto que se tornou uma das mais ociosas casas de projeção de Curitiba. Uma das razões pelas quais não será surpresa se, ao menos nas atuais condições, deixar de funcionar como cinema já que as bilheterias de todas as salas sofreram uma incrível redução nestas últimas semanas, alcançando pontos mais graves em cinemas tradicionalmente de pouca freqüência, como o Bristol e o Cinema 1. Xxx A pedido de Orlando Miranda, diretor do Serviço Nacional de Teatro, há duas semanas o diretor de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra, Marcelo Marchioro, fez uma demorada visita ao Cine Bristol, verificando as possibilidades de sua reciclagem para teatro voltando, aliás, à sua função original. Posteriormente, o cenógrafo e experto em arquitetura teatral, Pernambuco de Oliveira, também visitou o mesmo espaço. Embora o relatório final ao SNT ainda não tenha sido divulgado, acredita-se que o mesmo será positivo: mediante investimentos razoáveis, especialmente na adaptação do palco e camarins, o antigo Teatro Hauer poderá ressurgir como um espaço alternativo, localizado em área privilegiada pleno setor histórico e oferecendo também condições de continuar a projetar filmes, embora, numa programação integrada aos seus interesses de teatro. A maior preocupação do SNT caso venha fazer reciclagem do espaço é garanti-lo prioritariamente para atividades teatrais (e musicais), atendendo inclusive a reivindicação da classe artística que inclusive chega a pleitear sua administração através de entidades como a Associação dos Profissionais em Espetáculos Artísticos do Estado do Paraná. Xxx Pertencente a meia-dúzia de herdeiros, da família Seiller, imóvel do Cine Bristol, por se localizar no setor histórico-tradicional, não pode ser demolido ou reformado sem autorização especial. Com isto, está evitado o risco dele vir a ser derrubado para dar lugar a mais um disforme espigão, como tantos que tem sido construídos na cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
06/11/1980

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