Som do bom Altay no Liverpool de Dan'Jô
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de maio de 1984
No festival MPB-82, ele foi considerado uma das mais fortes e vigorosas revelações. Para Zuza Homem de Mello, critico de " O Estado de S. Paulo" e da Jovem -Pan, é a grande esperança para a renovação da nossa música popular. Alto, negro, compondo, tocando o seu ovation e principalmente cantando as suas músicas de forte influência afro, Altay Veloso é um nome que deve ser anotado. Já fez dois elepês o primeiro passou totalmente despercebido, devido ao precário lançamento da RCA. O segundo teve maior repercussão, graças a atenção da Polygram. Agora, começa a gravar um novo disco nos estudios da baterista Luiz Fernando Dannimann, no Rio de Janeiro. E foi justamente Kuiz Fernando que trouxe Altay a Curtiba nesta semana, para integrar o grupo de instrumentistas que fazem a música ao vivo para o espetáculo " Leverpool" que o " Dan'Jô Ballet apresenta desde quinta-feira ( auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, hoje e amanhã, 21 horas ).
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A idéia de montar um ballet homenageando os Beatles, através de sua música nasceu há quase dois anos, durante cruzeiro no qual coreógrafa Joseney Braska Negrão conheceu o baterista Luiz Fernando.O entusiasmo pelos Beatles, a fusão da música e dança, fluiram em mil idéias, que ganham agora cores e formas no palco graças a sublime e admirável loucura da mãe da bairlarina, Neiva Braska Negrão. Até a estréia do espetáculo,Neiva havia contabilizado Cr$ 40 milhões nesta superprodução totalmente bancada pela academia de danças, que paralelamente a montagem ainda investiu mais alguns milhões na reforma de um velho casarão na Rua Jaime Reis, para transformá-lo em moderno espaço destinado a aulas de danças.
Não se sabe o que merece maior admiração: se o esforço artisitico de coreógrafos,bailarinos, músicos, cenografia ( a cargo de Rosa magalhães, carioca, filha do falecido acadêmico Raymundo Magalhães Junior ), famosa pelos figurinos que tem criado para escolas de samba ), ou se a coragem e desprendimento de Neiva Negrão, uma mulher com a eterna juventude dos que muito acreditam na arte, em comprometer inclusive seu patrimônio pessoal numa produção tão cara. O fato é que "Livepool" está em cartaz há dois dias e merece ser visto. Afinal, se o Ballet Guaira faz produções nas quais não são problemas, para uma escola particular gastar Cr$ 40 milhões numa época de crise, há que existir muito entusiasmo pela dança. Ou loucura artistica.
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