Schwarzenegger vai à escola
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de janeiro de 1991
Cineasta de extrema sensibilidade quando se voltou aos sonhos da juventude ("O Último Ano do Resto de Nossas Vidas") e encontros e desencontros do amor ("Um Toque de Infelicidade / Cousins"), mas também seguro num terror bem humorado ("Os Garotos Perdidos"), Joel Schumacher é confiável. Portanto, precedido de boas críticas, seu "Linha Mortal" (Flatliner), que estréia hoje (Plaza, 5 sessões), é atração bastante oportuna nesta semana em que continua o marasmo cinematográfico - com reprises e continuações (embora algumas interessantes).
Desta vez, Schumacher explora os caminhos do suspense, partindo de um roteiro de Peter Filardi, bastante original: experiências audaciosas de um grupo de estudantes de medicina para se lançarem num campo que é mais da área de religião e filosofia. Um bom elenco - com Keifer Sutherland, a esplendorosa Julia Roberts ("Uma Linda Mulher", "Flores de Aço") e Kevin Bacon, mais jovens promissores da safra 88/89 do cinema americano (Aeryk Egan, Kesha Reed), tornam "Flatliners" um filme de visão obrigatória. A fotografia é de Jan de Bont, música de James Newton Howard e produção de Michael Douglas que geralmente aposta certo.
Procurando livrar-se da imagem de halterofilista que faz filmes, o ex-Mr. Universo e hoje bilionário Arnold Schwarzenegger tem procurado papéis mais humanos. Assim, depois de "Irmãos Gêmeos", fez um policial com toques de comédia dirigido pelo competente Ivan Reitman ("Os Caça-Fantasmas"), "Um Tira no Jardim de Infância" (Cine Condor, 5 sessões), que o traz num personagem simpático: é John Kimble, um policial que se transforma num cândido professor de um jardim de infância para ali proteger um garoto ameaçado de seqüestro.
Pela atualidade do tema - e fama de Schwarzenegger - é possível que esta comédia emplaque. Com exceção da excelente Linda Hunt ("O Ano em que Vivemos em Perigo", Oscar de melhor coadjuvante), e uma envelhecida Carol Baker (quem se lembra da ninfeta com dedo na boca e coxas à mostra que, em 1955, levava ao delírio Eli Wallach em "Boneca de Carne / Baby Doll", de Elia Kazan?), no elenco não há maiores destaques. Fotografia de Michael Chapman.
Para quem ainda não viu, há ótimas opções. "Bagda Café", de Percy Adlon, com seu toque de humanismo, entendimento e, sobretudo bom humor, é daqueles filmes-encantamento, que sempre conquistam o público (em reprise no Groff), enquanto que "A Sociedade dos Poetas Mortos", de Peter Weil, com toda sua empatia sobre os jovens, prossegue no distante Cine Guarani - a casa de menor público em Curitiba e que só funciona porque é mantida pela FUCUCU, com recursos oficiais.
"Coração Selvagem", Palma de Ouro em Cannes-90, uma fábula amarga que David Lynch realizou com garra & raiva - (e muita ironia / cinismo, conforme registramos quarta-feira, em nossa coluna "Tablóide"), continua mais uma semana no Ritz. Na próxima quinta-feira - com pré-estréia neste sábado, à meia-noite - ali estréia um dos filmes mais elogiados do ano passado pela crítica do Rio / São Paulo - e que entrou em várias relações dos melhores do ano, na opinião dos críticos que já o assistiram: "As Montanhas da Lua", de Bob Rafelson. Será a principal estréia da próxima semana.
No Luz, merecidamente continua em cartaz um dos melhores filmes da temporada: a produção dinamarquesa "Dançando pela Vida", que comentaremos em destaque na nossa coluna "Tablóide" de amanhã.
LEGENDA FOTO - Dirigido por Joel Schumacher, "Linha Mortal" é uma estréia que merece atenção. Em exibição no Plaza.
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