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Aramis

Saudades do Hi-Lo's e a saudável Peggy

Enquanto a Barclay reforça os balcões jazzísticos com mais um excelente punhado de lançamentos da melhor qualidade - incluindo o jazz up to date da ECM, a WEA dá seqüência às produções com matrizes originais da MCA/Decca americana: o grupo vocal The Hi-Lo's e a cantora Peggy Lee têm discos na praça. Lançamentos excelentes. Ao lado dos Modernaires, Mel-Tones e Pied Pippers - grupos vocais que faziam parte da bil-bands do Glenn Miller, Artic Shaw e Tommy Dorsey, respectivamente, The Hi-Lo's marcaram profundamente a música americana nos anos 50. Influenciado por Mel Tormé - orientador dos "Mel Tornes" (conjunto vocal que também precisa ter seus discos relançados no Brasil), Gene Puerling, um ex-disc-jockey e cantor de Milwaukee, após duas tentativas de fundar grupos vocais em sua cidade, encontrou em Los Angeles um ex-ator, Clark Burroughs, e os cantores Bob Morse (de Pasadena) e o francês Robert bstraten, os companheiros para o Hi-Lo's - que iniciaram sua carreira em abril de 1953. O grupo projetou-se com ajuda do compositor e arranjador Jerry Fielding, aparecendo em filmes e atuando bastante na orquestra de Frank Comstock - com quem, aliás, aparecem nas 12 faixas deste elepê. Como todos os grupos vocais, The Hi Lo's também acabaram mas ficaram discos marcantes - enquanto Gene Puerling fundaria, nos anos 70, outro excelente grupo - Singing Unlimited, já com mais de 20 elepês gravados. Uma ótima oportunidade de matar as saudades do Hi Lo's está neste elepê da WEA na qual interpretam clássicos como "Chinatown", "Summertime" e "You-Re The Top", entre outros momentos maiores. Outro lançamento da WEA, na coleção "Jazz Odissey" é um belíssimo disco com 11 clássicos do repertório de Peggy Lee (Jamestown, North Dakota, 26/maio/1922). Com 45 anos de carreira - começou em 1939, na Califórnia - Peggy Lee fez cinema e por sua atuação em "A Taberna do Vício" (Pete Kelly's Blues, 1955) foi indicada ao Oscar de melhor coadjuvante - mas perdendo para Jo Van Fleet (por sua interpretação em "Vida Amargas"). Reduzindo suas atividades a partir dos anos 60, Peggy Lee retornou em concertos especiais (Kennedy Center, Washington; Royal Alberto Hall Londres); convidada da Boston Pops (1974) e uma série de concertos no Japão há 6 anos. Há 15 anos, ganhou um Grammy como melhor cantora contemporânea por "Is that all there Is?". Seu nome está na agenda de Roberto Maksoud, como uma das próximas atrações internacionais do "150", no Maksoud Plaza Hotel - e enquanto isto não acontece, podemos ouvi-la em seis momentos ótimos em que é acompanhada pela orquestra de Sy Oliver, interpretando "Black Cofee", "Lover", "Mr. Wonderful", "They Can't Take That Away From Me". No lado 2, com a orquestra de Victor Young, outros inesquecíveis clássicos da melhor música americana: "Baugles Bangles And Beads", "It's All Right With Me" e "My Heart Belongs To Daday" - ambas composições de Cole Porter e a "Love Letters", do próprio Victor. Peggy também se dedicou ao magistério de música (em 1975 recebeu o título de "Doutor Honoris Causa", da North Dakota State University) e passou a se interessar por pintura - expondo na Franklin Mint Gallery of American Art Exhibition, no Lincoln Center, há 11 anos. Enfim, uma grande artista - cujo desconhecimento no Brasil, pelas novas gerações, é injustificado. Ainda bem que a WEA lança agora este disco.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
25
18/11/1984

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