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São Paulo terá 11 "teatros Barracão"

As boas idéias fazem escola: Na última terça-feira, 5, numa viagem ultra-rápida a São Paulo, o secretário René Dotti, da Cultura, e o superintendente da Fundação Teatro Guaíra, Constantino Viaro, ouviram da secretária da Cultura do município, professora e filósofa Marilena Chauí, a confirmação de que não apenas o Teatro Barracão, proposto informalmente por Viaro, será erguido numa praça na Vila Mariana, como a Prefeitura, entusiasmada com o projeto, decidiu, por sua conta, bancar o projeto para fazer 10 outras unidades semelhantes em diferentes pontos da cidade. Mulher culta e competente, que realmente merece ocupar uma Secretaria da Cultura - e que sabe administrar sem criar atritos e tendo uma definida política cultural - Marilena Chauí ouviu atentamente Viaro lhe expor, há alguns meses, a filosofia do Teatro Barracão. Ouviu, anotou e entendeu o significado desta forma econômica de abrir espaços culturais. A primeira idéia - conforme aqui registrada na ocasião - foi de que o Banestado financiaria um Teatro Barracão num espaço na região dos Jardins, próximo onde antes existiu o atuante "Lira Paulistano" - mais do que um teatro, uma usina de criatividade que editou livros, jornais e discos, num trabalho de grande força na primeira metade dos anos 80 - e que tinha como um de seus animadores o jornalista Fernando Alexandre, de muitas ligações curitibanas. A idéia de instalar o Teatro Barracão naquela região não prosperou devido a problemas de comprometimento da praça ali existente mas Marilena Chauí, ciente da importância de que a idéia frutificasse, encontrou uma área de 500 metros quadrados, na Vila Mariana, para que o Paraná venha a ter seu espaço cultural em São Paulo. A competente Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo fez mais: analisou a idéia nascida da mente sempre criativa da Constantino Viaro, levou o projeto a prefeita Luiza Erundina e na terça-feira confirmou a René e Constantino, a decisão: além do teatro que o Paraná ali instalará, a Prefeitura de São Paulo bancará dez outras casas idênticas em pontos da grande cidade, carentes de equipamentos culturais. xxx Idealizado por Constantino Viaro há três anos, logo que assumiu a superintendência da Fundação Teatro Guaíra, o Projeto Barracão ganhou forma graças ao talento da arquiteta Maria Helena Paranhos. Em Maringá, o primeiro teatro foi inaugurado há um ano e consolidou inúmeros eventos artísticos. O segundo Teatro Barracão funciona em Cascavel desde novembro do ano passado. Agora, um terceiro teatro, em Araucária, está às vésperas de ser inaugurado, enquanto que em Foz do Iguaçu iniciam-se os trabalhos de outra unidade. Santo Antônio do Sudoeste, Pato Branco e Ponta Grossa serão os próximos municípios que terão também seus teatros. Com financiamento do Banestado, ocupando um espaço médio de 15x26 metros, o Barracão é uma construção simples, em madeira, comportando dois ou três camarins, palco, salas de administração e uma biblioteca - oferecendo ainda condições para servir a pequenas exposições. Prático e funcional, pode ter múltiplas ocupações - de espetáculos artísticos a cursos, conferências, reuniões comunitárias etc. Tudo muito simples e econômico - como só um administrador da competência e dinamismo de Constantino Viaro sabe fazer. O secretário René Dotti, que em iluminada hora o escolheu para superintendente do Guaíra, viu, com prazer, não só a FTG deslanchar como nunca, como o projeto de Viaro prosperar Interior afora (existem mais de 30 municípios interessados em também terem estas unidades). O governador Álvaro Dias também é um entusiasta do projeto. xxx O que significará para o Paraná possuir um ponto avançado para eventos culturais em São Paulo só o futuro dirá. Além de aberto a talentos da terra - no teatro, música etc. - que não mais dependerão para temporadas naquela metrópole de terem que alugar teatros existentes, o espaço poderá também servir a grupos de outros estados - num intercâmbio que há muito se faz necessário. O Teatro Barracão, em São Paulo, será também um ponto permanente para exposições de nossos artistas. E uma das idéias de Viaro está em convidar artistas como Poty e Jair Mendes para criarem painéis em madeira que se integrem ao próprio espírito de nosso Estado - a partir da imagem do Pinheiro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
08/06/1990

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