Seria arriscado (e mesmo leviano) fazer destaques de quais os projetos prioritários dentre os 38 inventariados pela Secretaria da Cultura e que estão a procura de mecenas. Afinal, cada um tem sua justificativa e, por certo, os responsáveis pelas suas idealizações possuem argumentos para justificá-los. Entretanto, em alguns casos deverá haver maior concentração de esforços. Possivelmente, o mais urgente - mas também, por ironia, o mais caro - é a ampliação da Biblioteca Pública do Paraná. Aliás, bastaria o governo Álvaro Dias, tão logo tomou posse, ter se fixado basicamente neste projeto para garantir a sua presença em nossa história cultural - assim como Bento Munhoz da Rocha Neto ficou por ter tido, há 36 anos passados, a visão de incluir a construção da Biblioteca entre as obras básicas do Centenário da Emancipação Política. Bento teve uma visão tão grande que quando da construção do prédio, determinou ao engenheiro Romeu Paulo da Costa, autor do projeto, que fossem previstos, estruturalmente, mais dois pavimentos, visando a ampliação oportuna. O próprio engenheiro Romeu desenvolveu agora os estudos para a ampliação da Biblioteca - com a construção dos dois pavimentos indispensáveis devido ao crescimento dos que freqüentam a instituição (mais de 5 mil pessoas por dia). Infelizmente, as verbas do Estado que deveriam ser concentradas para esta obra foram destinadas a outras metas e agora a ampliação, tão necessária, da BBP, depende de que se consiga um mecenas (ou vários, através do sistema de quotas), dispostos a investir 200.000 OTNs necessárias para a obra. Quanto a prioridade desta obra, não há nem o que discutir! Quando a Biblioteca foi inaugurada, em dezembro de 1953, a população de Curitiba era de 240 mil habitantes. Hoje já passamos de 1.500.000. E a Biblioteca continua a mesma - atendendo bravamente a cidade.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 3

Data: 26/01/1989