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Aramis

Sallum, o adeus do homem das imagens

Há treze dias, exatamente, aqui escrevíamos: Ëduardo Sallum acaba de voltar de mais uma longa viagem por vários Estados. Fotografando o que há de mais característico em cada município visitado, este simpático garimpeiro de imagens amplia o seu acervo e pode lançar, dentro de poucas semanas, mais uma coleção de cartões postais culturais". xxx A morte, esta aventura horrível e suja, fez com que a notícia não se torne verdadeira. Sallum não verá o lançamento desta sua última safra de cartões postais. Segunda-feira, perto do meio-dia, o bom Eduardo foi mais uma vítima do trânsito assassino. Viajava para São Paulo, com sua esposa e companheira de trabalho, dona Luci, quando a chuva que caia na estrada, atrapalhou a sua visão e, numa curva, houve o acidente fatal. Sallum é hoje saudade e sua esposa Luci, recebeu alguns ferimentos - felizmente sem maior gravidade. xxx Há dez anos que Eduardo Sallum vinha desenvolvendo um digno e importante trabalho cultural: edições de cartões postais com imagens do Brasil. Aquilo que, por muito tempo, era um hobbie - colecionar cartões (deixou mais de 60 mil, de todos os países e tempos) tornou-se uma opção de trabalho - bem sucedida graças ao seu empenho e dedicação. No registro que aqui fizemos, há duas semanas ("O Brasil que Sallum divulga nos cartões", O Estado do Paraná, 1º/11/86), destacamos a visão que Eduardo teve em buscar as pequenas cidades do Brasil para fazer seus cartões. A fórmula funcionou e graças às suas imagens coloridas houve uma redescoberta de lugares bucólicos, praças com seus coretos e jardins, igrejas, templos, pequenos museus, etc. xxx Só no Paraná, Eduardo Sallum produziu mais de 500 diferentes cartões, com tiragens que variaram de 3 a 10 mil exemplares. Sallum não era apenas um colecionador e produtor de cartões: pesquisou sua história, publicando, há 6 anos, um pequeno ensaio ("Coleções & Cartões Postais - Suporte da Memória", boletim informativo da Casa Romário Martins, nº 46, novembro/1980). Reuniu cartofilistas de todo o País em Curitiba e fundou uma associação, da qual foi o primeiro presidente. xxx Em seu trabalho e amor as imagens, Sallum documentou o Brasil. Reuniu um precioso acervo memorialístico. E, na força de seus 47 anos, na fatalidade de um acidente, deixa menor este nosso já pequeno mundo - onde pessoas boas, honestas e idealistas como ele fazem falta. Cada vez mais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
14/11/1986

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