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Said, o pioneiro na edição de sua "A Civilização Árabe"

Há exatamente 25 anos, graças ao idealismo de um dos mais eruditos emigrantes árabes que já chegou ao Paraná, Said Mohamad El-Khatib (Kerde-Troha, Líbano, 20/12/1917 - Curitiba, 30/08/1988), era publicada o entendimento de um povo e de toda uma região do Planeta: "A Civilização Árabe". Tendo chegado ao Brasil aos 14 anos, Said El-Khatib acabaria se fixando em Curitiba em 1953, após ter vivido no interior de São Paulo. Ao lado de seu espírito comercial - inicialmente no setor de comércio de café, depois em empreendimentos imobiliários (foi o incorporador de loteamentos como as vilas Centenário e Jardim Jordanias, margens da BR-277), Said sempre foi um homem preocupado com a cultura. Com recursos próprios, fundou e manteve escolas - no Brasil e no Líbano, criou instituições e, em 1958, fundou a Garantia Cultural, uma das pioneiras empresas em venda de coleções de livros de nível cultural e didático. Preocupado com a falta de informações corretas sobre o seu povo, conseguiu os direitos de uma obra tida como definitiva: "A Civilização Árabe", do psicologista social, pesquisador e escritor francês Gustave Le Bon (Nogent-le Rotrou, 06/05/1841 - Marnes-la Coquete, 13/12/1931) e a editaria, em três volumes luxuosos, edição encadernada - fazendo nascer, assim, uma editora que marcaria época nas décadas seguintes - a Grafipar. Em três volumes, distribuídos ao longo de 833 páginas, "A Civilização Árabe" foi uma obra corajosa para a época. Só o prefácio de Jamil Almansur Haddad ocupava 91 das 160 páginas do primeiro volume. A bibliografia estendia-se por 23 páginas das 39 dedicadas as referências finais, identificando, inclusive, quase 200 ilustrações. A coleção teve excelente repercussão: em sucessivas edições, mais de 10 mil unidades foram vendidas nacionalmente, existindo ainda hoje pessoas que a procuram em sêbos, como obra rara. O sucesso animou Said e seus filhos Faissal (hoje com 54 anos, atuando no mercado de capitais através da RGK Factorim) e Faruk (agora com 44 anos, após experiências em mais de 20 diferentes áreas, dirigindo a indústria de cosméticos Massani) a criar a Grafipar, cuja importância em nosso mercado editorial está a espera de uma justa avaliação. Em 1966, lançavam o "Dicionário Cultural da Língua Portuguesa" do filólogo Rosari Farani Mansur Guérios (1905-1987) e, no ano seguinte, a "História do Paraná", 4 volumes, ainda hoje única obra referencial. Posteriormente seriam editados "A Família - Conflitos e Perspectivas" e "A História de Santa Catarina", que já não tiveram o mesmo êxito em de vendas. Nestas alturas, com o juvenil entusiasmo de Faruk, a Grafipar lançou-se na área de quadrinhos eróticos, com um agressivo marketing que a levou a ficar entre as 7 maiores casas publicadoras do país. Sempre audacioso, Faruk acabaria fazendo a experiência de editar a versão brasileira da "Penthouse" e por pouco mais de um ano (1980) o jornal "Correio de Notícias". De todas as publicações da Grafipar, o fundador da casa, que escreveria também o livro "Pilares do Islamismo" e sua autobiografia, sempre manteve o maior orgulho da pioneira "A Civilização Árabe", obra que hoje, passados mais de um século de ter sido escrita - e 25 anos após sua edição no Brasil - se mantém como um referencial para melhor entendimento do Oriente Médio.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
24/02/1991

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