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Aramis

A saga de "Spartacus" e outros bons best-sellers

Romancista dos mais vigorosos em termos sociais - não foi à toa que esteve na lista negra do senador Joe McCarthy (1908-1957) e foi perseguido pelo Comitê de Atividades Antiamericanas nos anos 50, Howard Fast tem no mínimo uma obra-prima: "Spartacus". Visão profundamente social e política do gladiador-escravo que levantou milhares de escravos contra os romanos, Spartacus ficou como símbolo da resistência. Em 1960, numa produção de Kirk Douglas, "Spartacus" foi levado a tela, resultando na melhor superprodução histórica de todos os tempos, graças sobretudo a direção segura de Stanley Kubrick e o roteiro perfeito de Dalton Trumbo (1905-1976), outro perseguido pelo MacCarthismo e que só neste filme pode voltar a assinar um script com o seu próprio nome. Em muito boa hora, a Record reedita "Spartacus", obra lançada em 1951, que Fast publicou por sua conta pois, há 36 anos, estava impossibilitado de encontrar editor para seus textos. Ao longo das 278 páginas, Fast conta a epopéia do escravo que liderou a revolta de mais de cem mil homens na Roma de 73 a.C. Um herói de sua classe mas também e principalmente um homem amado e respeitado em tempos obscuros. De Fast, a Record já editou outros bons romances, entre os quais "Os Imigrantes", "Fim De Festa", "A Herança", "Segunda Geração" e o excelente "Max", um dos melhores retratos de Hollywood e sua história. xxx De família aristocrática, educada num colégio de Massachusetts, a nova-iorquina Judith Krantz trabalhou como relações públicas em Paris. De volta aos EUA foi redatora de várias publicações e com seu primeiro romance ("Luxúria", 130 mil exemplares vendidos no Brasil) se tornaria uma escritora de sucesso. Seguiram-se "Princesa Margarida" e "A Filha de Mistral", também editados no Brasil. Casada com um rico produtor de Hollywood (Steve Krantz), vivendo muito bem em Los Angeles, Judith é uma mulher realizada - e que pode se dedicar à literatura. "New York, New York", seu novo romance (Record, 382 páginas, Cz$ 139,00) é um drama misturando poder, obsessão sexual, traição e amor, tendo como cenário uma editora de revistas de moda. Um texto dinâmico, de fácil consumo, com tudo para se transformar em novo best-seller. xxx Também na linha de best-sellers é "A Última Primavera Em Paris", de Hans Herlin (Record, 334 páginas). O autor, Herlin, 62 anos, depois de muitos empregos é romancista há 15 anos. Desta vez a ação se passa em Paris, em 1944 - durante os últimos dias do domínio nazista naquela Cidade Luz. Hans Herlin não se limitou a escrever um thriller sobre o mundo dos serviços secretos, da espionagem, mas também narra uma época interessante da história contemporânea - já tantas vezes focalizada em livros e filmes mas sempre interessante. xxx Enquanto Herlin focaliza a Paris de 43 anos passados, o francês Patrick Modiano, 40 anos, em "Uma Rua De Roma" (tradução de Herbert Daniel/Cláudio Mesquita, 136 páginas, Cz$ 54,40), numa linguagem clara e narração fluente, utilizando os artifícios do gênero policial (mas transcendendo pelo encanto de seu conteúdo), traça o percurso de um homem que, tomado de amnésia, parte em busca de sua identidade. O narrador é um detetive que procura a si mesmo. Como um vulto esquivo ele sai em busca de seu passado. Os personagens, as situações, os ambientes não são apenas símbolos ou recursos narrativos, mas o foco de uma sensibilidade que envolve o leitor e o chama a participar da interpretação e da conclusão do texto. Patrick Modiano já é conhecido dos leitores no Brasil por "Ronda Na Noite" (La Ronde De Nuit, 1969), já editado pela Rocco. Foi também o autor do roteiro de "Laombe Lucien", de Louis Malle (1973). xxx Completando as dicas de best-sellers lançados recentemente, eis um título para os fãs de livros de suspense: "O Grito De Halidon", de Jonathan Ryder (Record, tradução de Mário Molina, 432 páginas, Cz$ 129,00). Tem uma trama empolgante, tendo como cenário o complexo industrial-militar americano. Andrew Trevayne, personagem central, tem que descobrir a resposta a uma questão crucial: quem controla o governo dos EUA? Que poderosas forças e interesses influem nos donos do Poder Americano? Uma leitura apaixonante e trepidante, para quem curte romances com tramas atuais. AUTÓGRAFOS - "A Palavra Muda" é o segundo livro do poeta Gil Marcos Cordeiro. Sua manhã de autógrafos acontece neste domingo, a partir das 11 horas, na Livraria Dario Vellozo (Praça Garibaldi, 7).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Leitura
15
13/03/1987

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