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Aramis

Sade, a New Bossa com ritmo e poesia

"You've got the biggest heart sometimes I think you're just too good for me every day is Christmas and every night is New Year's Eve" ("Você tem o maior coração/Às vezes eu acho/Você demais para mim/Todo dia é Natal/Toda noite é noite de Ano Novo") ("The Sweetest Taboo", Helen Folesade Adu) Desde que Sade (Helen Folesade Adu, 26 anos, nascida na Nigéria, filha de mãe inglesa e pai nigeriano) surgiu musicalmente em Londres - regravando um antigo êxito de Julie London ("Cry me a River"), que se começou a falar na New Bossa. Ao lado dos afinados garotos do Style Council, Sade passou a personificar um suposto soerguimento da mais criativa corrente musical brasileira via Londres. A sensibilidade das letras, a batida característica da BN, o intimismo nas interpretações - enfim todos os méritos que fizeram da Bossa Nova aquilo que de melhor aconteceu em nossa música popular - passaram a ser decalcados para esse revival da bossa-nova mixado ao jazz-funk-soul em inglês - e do qual o grupo Sade revelou-se dos mais importantes. Se "Diamond Life", seu primeiro lp, lhe valeu um Disco Duplo de Platina (4 milhões de cópias vendidas na Europa e mais um milhão no mercado norte-americano), Sade retoma, em seu segundo lp ("Promise", CBS, fevereiro/86, lançado na Inglaterra em novembro e já entre os mais vendidos) e mesmo estilo suave, extremamente poético e insinuante - na linha de uma afável Bossa Nova revitalizada 27 anos após seu surgimento no Brasil. Mas, frise-se bem, uma Bossa que se identifica apenas pelo capricho das letras - todas de Sade, revelando-se assim também uma grande poetisa - e harmonia de seu afinado e suave grupo instrumental: Dave Early, na bateria e percussão (conseguindo aproximar-se da batida que consagrou a BN); Martin Ditcham (também na percussão); Terry Bailey (pistão), Pete Beachill (trombone) e mais duas participações especiais - Jake Jacas nos vocais e Carolos Bonnel, guitarrista em "Fear", uma das faixas mais marcantes do álbum. "Sweetest Taboo", faixa que vem tendo a maior promoção, é belíssima em sua concepção e poesia, assim como "Is it a Crime", "War of the Hearts" e "Never as Good as the First Time", todas extremamente românticas, falando de encontros e desencontros, a glória do amor e a dor da separação. Especialmente significativa é "Jezebel" - a exemplo das demais faixas, parceria de Sade com seus colegas de grupo instrumental - retomando o nome de mulher que, há quase 40 anos foi cantada por Frankie Laine numa das baladas de maior popularidade da década de 50. Bonita, sensual, poética e extremamente afinada, Sade, ex-aluna da Escola de Arte St. Martin, em Londres, firma-se definitivamente neste "Promise" como uma grande presença musical. Não mais uma promessa, mas uma realidade de talento.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
23
16/02/1986

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