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Aramis

Rosirene, a que sabe falar para crianças

Em "O menino que não gostava de ouvir histórias", Rosirene Gemael, 31 anos, jornalista mãe de Marcos, 5 anos, conta a história de um menino que não gostava de ouvir histórias. Preferia, ele mesmo, em sua riquíssima imaginação, inventá-las. Ou recontá-las a sua maneira. Em apenas 35 páginas, ilustrada de forma original - belas fotografias de Julio Covello, trabalhadas com ilustrações de Vania Cordeiro - Rosirene colocou toda sua sensibilidade num texto admirável, com a classe de quem sabe usar as palavras, criando todo um mundo de magia. Justamente premiado no concurso de livros infantis promovido pela Fundação Cultural - que patrocinou a edição - o livro de Rosirene teve tão boa acolhida que a deverá estimular a outras experiências na área. Talento e sensibilidade para tanto não lhe faltam. xxx Dentro do boom editorial no Brasil - nunca se publicou tanto com vendas tão expressivas como nos últimos anos (e olhe lá que o preço do livro não é mole!), a literatura infantil apresentou, especial - provando que está se formando, cada vez mais um público de (bons) leitores. Num estudo recém-publicado ("A arte de fazer artes - como escrever histórias para crianças e adolescentes", Nórdica, 22 páginas, Cr$ 44.900), Glória Pondé, traz alguns números do mercado editorial da literatura infantil e juvenil. Assim, em 1974, apareciam apenas 424 títulos com venda de 13.337.166 exemplares. Em 1975, já eram 919 títulos e em 1976, atingia-se 1.245 com a maior tiragem (22.909.436). Em 1980, foram 1.159 títulos com 16.930.175 exemplares. Infelizmente faltam números dos últimos 4 anos, mas é de se imaginar que no ano passado passaram de 2 mil títulos e mais de 30 milhões de exemplares vendidos, considerando o número de lançamentos. Há, inclusive, várias editoras que se voltaram especialmente à área infanto-juvenil. xxx A carioca Glória Pondé, professora de Português e consultora de várias editoras e executiva da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, em "A Arte de Fazer Artes" estuda a questão da produção editorial para crianças e jovens, a função do livro na escola, a opinião dos escritores a respeito, dá uma visão geral da história da literatura infanto-juvenil no Brasil. xxx A Salamandra, de Geraldo Jordão Pereira, durante algum tempo se voltou exclusivamente à produção infantil. A Melhoramentos, casa publicadora que só faz lançamentos de grande circulação, tem uma imensa linha de livros infantis, como o recém-lançado "Clube do Esqueleto" de Stella Carr, autora já conhecida por vários títulos. Outra autora conhecida, Ruth Rocha, 30 livros e mais de 2 milhões de exemplares vendidos, está agora contratada da Rocco, que já publicou "As coisas que a gente fala", "A decisão do campeonato", "Como se fosse dinheiro", "Armandinho, o juiz" e agora "Piquiniche", ilustrado por Ivan & Marcelo. xxx Para uma faixa de adolescentes, a Ibrasa edita "Os Mistérios do Povoado" de Arthuzina D'Incao, dentro de uma coleção chamada "Primavera". Também para leitores na faixa acima dos 10/12 anos é que se destina "Terceiro Tempo de Jogo", o novo romance de Roberto Gomes, catarinense radicado em Curitiba, dono das Edições Criar, que tem também na linha infanto juvenil o forte de sua publicações. Aproveitando a Feira do Livro - da qual foi um dos idealizadores - Gomes lançou seu delicioso livro sobre o universo de um grupo de meninos e meninas as [voltas] com um disputado campeonato de futebol de rua. Aliando o universo dos meninos a um dos mitos da vida brasileira, o futebol desenvolve uma história cheia de peripécias, onde não faltam as brigas de rua, o roubo das namoradas alheias, os banhos de rio, a disputa da primeira fila no cinema, o roubo das namoradas, os banhos de rio, os heróis do faroeste. Enfim, um mágico universo memorialístico da infância num texto delicioso. Outro livro destinado à mesma faixa de público é "Os Gatos de Angaetama" de João Donha, já em terceira edição pela Criar, que em sua linha de livros infanto-juvenis tem ainda também "Um Camelo no Último Andar" e "O Baile dos Bichos", do publicitário Amaury Braga da Silva.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
12/11/1985

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