Ricardo III, hoje, à noite, no Canal 4
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de agosto de 1984
A filmografia Shakespeare é extensa. Afinal, a obra do gênio de Strat-ford-on-Avon é eterna e nela estão os elementos da farsa e da tragédia a serem permanentemente revisitados. Ainda hoje, pode ser visto, no Cine Astor, um filme relacionado a uma das mais belas peças de Shakespeare ( "King Lear"): "O Fiel Camareiro". Embora sobre os bastidores de uma companhia mambembe de teatro inglês, durante a II Guerra Mundial, tem por gancho uma encenação da tragédia shakespeareana, recentemente montada no Rio de Janeiro por Sérgio Brito e que deu ao curitibano Ary Fontoura o prêmio Air France (melhor coadjuvante). Dos muitos diretores e atores que voltaram a transpor Shakespeare para o cinema, talvez o que tenha conseguido os mais honestos resultados foi o inglês Sir Laurence Olivier, hoje aos 77 anos, mais ainda em forma. Tanto é que foi chamado, na semana passada, para substituir seu amigo e contemporâneo Richard Burton ( falecido há duas semanas), na constituição de "Selvagens Cães de Guerra", em fase de pré-produção. Pela sua formação de teatro shakespeareano ( Old Vic e National Theatre), ao chegar ao cinema Laurence Olivier não deixaria de se voltar ao mais importante autor inglês. Assim é que sua estréia como diretor foi com a transposição a tela de "Henrique V". Quatro anos depois faria a mais perfeita versão cinematográfica de "Hamlet", revelando a belíssima Jean Simmons como a princesa Ofélia. Sete anos se passariam até que chegasse a sua terceira transposição shakespeareana - e o filme mais ambicioso de sua carreira: "Ricardo III".
"Ricardo III" será apresentado, hoje à noite pela TV- Iguaçu. Um filme que justifica enfrentar a madrugada, o frio e o sono. Afinal, uma obra-prima que merece ser (re)vista.
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