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Aramis

Revival bossa-novista com Rita, Tim e show ao vivo

Os bons fluídos de "Chega de Saudade", de Ruy Castro (Companhia das Letras) continuam no ar. Houve uma saudável reavaliação do mais feliz período da MPB nos últimos 40 anos, Johnny Alf e os Cariocas voltaram a gravar e Rita Lee e Tim Maia também reapareceram com álbuns "soft", no astral da harmonia e o romantismo da Bossa Nova. No Rio Show Festival, que movimentou o RioCentro em maio último, uma das noites mais bonitas foi a dedicada a Bossa Nova, que graças ao registo ao vivo feito por uma equipe de técnicos competentes resultou num disco-CD como nos bons tempos, produzido por João Augusto / Max Pierre / Heleno de Oliveira, com carinho. Nomes do movimento original - Johnny Alf, os Cariocas, Leny Andrade, Carlos Lyra - ou novas cantoras - Leila Pinheiro e Verônica Sabino - uniram-se na noite de 29 de maio para este "revival" que mostrou que o que é bom permanece e uma seleção que abre com a paraense Leila Pinheiro cantando pot-pourrits com jóias como "Triste", "Brigas nunca Mais", "Vivo Sonhando", "Ah! Se eu Pudesse", "O Barquinho", "Você", "Nós e o Mar" é sempre delicioso ouvir. O veterano Johnny Alf, naturalmente comparece com sua obra prima "Ilusão à Toa", ou em duo com Leny Andrade em "Nós", enquanto os Cariocas mostram que continuam com a corda toda em "Ela é Carioca", "Berimbau" e dividindo com Leila o "Samba do Avião". Verônica Sabino, com todo o respeito, dá interessantes releituras a "Você e Eu" e "Só em Teus Braços", enquanto Leny estraçalha no "Rio". Carlinhos Lyra - cujo talento imenso está sem uma nova gravação há quase 20 anos - encerra o disco com "Minha Namorada" e "Você e Eu", parcerias com o inesquecível Vinícius. Tim Maia, que nos últimos anos andava em caminhos funkeiros, etc., voltou a mostrar sua belíssima voz numa releitura de "Clássicos da Bossa Nova" (Seroma/Vitória Régia Discos) que pode incluí-lo entre os melhores do ano. Já a esfuziante Rita Lee (Jones, São Paulo, 31/12/1947), decidiu voltar aos palcos num espetáculo solo, dispensando a banda e até o marido e parceiro Roberto Carvalho, para um espetáculo "soft", harmonioso, com a releitura de seus maiores sucessos na linha da Bossa Nova. Gravado ao vivo e lançado agora pela Sigla/Som Livre, "Rita Lee em Bossa'n Roll ao Vivo" vale não só pelo prazer de ouvir Rita, como para se apreciar toda a alegria, ternura e comunicabilidade que soube sempre colocar em suas composições, como "Doce Vampiro", "Baila Comigo", "Alô! Alô! Marciano", "Chega Mais", "Mania de Você", "Vírus do Amor", "Desculpe o Auê", "Lança Perfume", entre outras - todas parcerias com Roberto Carvalho. Filha de ingleses, pronúncia deliciosa, Rita dá uma de Julie London com o seu maior sucesso - o belíssimo "Cry me a River" (C. Hamilton) e mostra que "You Take" (Sting) é uma bela canção. Um álbum leve, gostoso e que embora gravado ao vivo, durante a excursão que Rita fez em maio último, tem uma excelente qualidade técnica.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
22/09/1991

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