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Aramis

Rambo, super-herói! (até quando?)

Conduzida ao máximo de exagero, com Rambo entrando na categoria de indestrutível super-herói, capaz de resistir a saraivada de balas e explosões de granadas, a terceira parte da série do personagem que está fazendo de Sylvester Stallone um ator cada vez mais rico, é o que se esperava: total perda de tempo para quem exige o mínimo de cinema. Parecendo mais uma festa junina - tal a quantidade de explosões que marcam 80% das ações - essa terceira aventura de John Rambo, que já chega defasada politicamente, o leva ao Afeganistão, enfrentando os invasores russos para libertar seu amigo, coronel Trautman (Richard Crenna) é o pior da série. O primeiro "Rambo", direção de Ted Koetchief, era razoavelmente interessante: um veterano do Vietnã, de volta aos EUA, reage violentamente as provocações de policiais despreparados e enfrenta um exército numa região montanhosa. No segundo, Rambo voltava ao Vietnã para libertar americanos que ali continuavam presos - argumentando que seria retomado, posteriormente, em outros filmes de ação. Neste terceira superprodução - orçamento de mais de US$ 60 milhões (US$ 11 milhões para Stallone), o roteiro (do próprio Sylvester, em parceria com Sheldon Lettich, apenas inspirado nos personagens criados por David Morrell) o descalabro é total, apesar do diretor ser um veterano de segunda unidade, Peter MacDonald - e a trilha sonora do inspirado Herry Goldsmith. Filmado em Israel, com inúmeros recursos de produção e sobretudo, efeitos especiais para as seqüências de batalha, "Rambo III" tem um elenco exclusivamente masculino e, num curto papel, como o árabe Masoud, aparece Spiros Focas, bom ator grego, que no passado já filmou com mestres do cinema italiano. Mas a vida é assim: obriga mesmo grandes atores a aceitarem papéis menores - desde que bem pagos . "Rambo III" - naturalmente deverá permanecer semanas em exibição e ficar entre as boas bilheterias do ano.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
8
05/08/1988

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