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Aramis

Quem diria, o musical "Oklahoma" em Curitiba!

Entusiasmo e idealismo não faltam aos integrantes do 9 O'Clock English Speaking Theatre of Curitiba. Na sexta-feira, 21 de março, durante descontraída casting party, o diretor Michael Strazanac selecionou os oito principais intérpretes para uma montagem das mais auspiciosas: o musical "Oklahoma!". Entre mais de 20 integrantes deste grupo amador fundado há 7 anos, Majkl - nome artístico do diretor Strazanac - escolheu os que interpretarão os personagens Curly McLain, Laurey Williams, Ado Annie Carnes, Jud Frey, Will Parker, Ali Hakim, Andrew Carnes e Aunt Eller. E, exatamente 43 anos após a estréia deste clássico musical - o que ocorreu no St. James Theatre, em Nova Iorque, em 31 de março de 1943 - os curitibanos assistirão, mesmo que em montagem amadorística (e reduzida) um dos mais belos musicais da história do show business. xxx Em quase quatro décadas e meia, "Oklahoma!" teve muitas montagens - a última das quais aconteceu há 6 anos, sob direção de William Hammerstein, filho de Oscar Hammerstein (Greeley Clendenning, 1895-1962), parceiro de Richard (Charles) Rodgers (1902-1979) neste espetáculo que teve a 5ª mais longa carreira, ininterrupta, na Broadway, com 2.248 encenações - abaixo apenas de "Man of La Mancha" de Dale Wasermann/Mitch Leigh/Joe Darion (2.329 performances, a partir de 22/11/65); "My Fair Lady", de Alan Jay Lerner/Frederick Loewe (2.717 apresentações, a partir de 15/3/1956); "Hello Dolly!" de Michael Stewart/Jerry Herman (2.844 performances, a partir de 16/1/1964) e a campeoníssima, "Fiedler on the Roof", de Joseph Stein/Jerry Book (3.170 performances, a partir de 22/9/1964). A direção da primeira montagem de "Oklahoma" foi de Roubem Mamoulian (que também fez carreira no cinema) e a coreografia foi de Agnes De Mille, ainda vigorosa aos 80 anos. No cast original estavam Alfred Drake, Joan Roberts, Betty Garde, Joan McCracken e Celeste Holm - esta um atriz de longa carreira também no cinema, aparecendo em clássicos musicais como "Alta Sociedade". xxx Foi para "Oklahoma", que Rodgers e Hammerstein criaram algumas das mais belas canções de sua imensa obra, incluindo "Oh, What a Beautiful Morning" e "People Will Say We're in Love" - indispensáveis em qualquer antologia do que de melhor foi produzido no musical americano. Em 1955, na única experiência num filme musical ao longo de sua longa (52 anos) carreira, Fred Zinemann, então com 47 anos de idade, fez a transposição à tela do célebre musical - mantendo Agnes de Mille como coreógrafa. Com Gordon MacRae (ator falecido há poucas semanas) como Curly, Glória Grahme (1929-1981) como Annie, o cantor Gene Nelson como Will Parkes, a então novata Shirley Jones como Laurey e praticamente lançando Rod Steiger como o vilão Jud Fry, "Oklahoma" foi uma das primeiras superproduções da RKO Rádio rodada pelo sistema Todd-Ao, que o produtor Mike Todd (1907-1958) havia desenvolvido e lançado, dois anos antes, em "A Volta ao Mundo em 80 Dias". Com uma duração de 145 minutos, produção ao qual os próprios autores do musical - Rodgers & Hammerstein - estiveram associados a Arthur Hornblow, Jr., "Oklahoma" fracassou em muitos países, inclusive no Brasil. Em Curitiba, onde a RKO não dispunha de um bom esquema de lançamento, "Oklahoma" permaneceu inédito - ao contrário de outros musicais igualmente baseados em obras de Rodgers & Hammerstein, como "Carousel" (1956, de Henry King, com Gordon MacRae e Shirley Jones) e "Ao Sul do Pacífico" (South Pacific, 1958, de Joshua Logan), com Rossana Brazzi e Mitzi Gaynor. O filme "Oklahoma" teve três indicações ao Oscar; fotografia (Robert Surtees) que foi concedida a Robert Burks por "Ladrão de Casaca". Levou, em compensação, os Oscars de melhor som - Fred Hines e, mais do que merecidamente, a de melhor trilha de musical - já que três maestros e arranjadores - Robert Russel Bennett, Jay Blackton e Adolph Deutsch, trabalharam sobre o material original. xxx Inédito, portanto, em Curitiba - a não ser aos raros aficcionados por musicais que conseguiram acesso ao precioso tape que o joalheiro Manoel Rosenmann trouxe de uma de suas viagens a Nova Iorque, em breve os curitibanos poderão apreciar este belo musical em montagem local. Estimule-se a coragem de Strazanac e seu grupo em fazer esta encenação.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
02/04/1986

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