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Aramis

Quadrinhos

Dentro das histórias-em-quadrinhos no Brasil, um nome da maior importância é o de Adolfo Aizen, o pioneiro em sua industrialização em nosso país, em 1934, com o "Grande Consórcio dos Suplementos Juvenis", no jornal "A Noite" e, posteriormente, fundado a Editora Brasil América, até hoje a maior casa publicadora de HQs no Brasil - e talvez mesmo da América Latina. Aizen foi o primeiro dos editores de "comics" a se voltar para a necessidade de dar aos quadrinhos um sentido didático e cultural, contribuindo para a formação dos pequenos leitores. Assim, sem necessidade de leis protecionistas, de nacionalização dos quadrinhos, Aizen, a partir da década de 50 voltou-se a empreendimentos dos mais válidos, como a criação de "Edição Maravilhosa", que lançada ainda no final dos anos 40, durante mais de vinte anos, levou às bancas, num trabalho pioneiro para a época, centenas de clássicos da literatura, não só estrangeiros, mas principalmente os nacionais. Regularmente, durante anos, mais de duas gerações descobriram os encantos da nossa literatura, lendo "aperitivos" condensados em quadrinhos (o próprio editor, sempre, honestamente, colocava no fecho das estórias um convite para que os leitores procurassem os originais) lendo os romances de José de Alencar, Barnardo Guimarães José Lins do Rego e tantos outros mestres, na "Edição Maravilhosa/Extra", enquanto que os romances de autores estrangeiros apareciam nas edições normais. Depois veio a revista "Epopéia", em formato maior, trazendo grandes aventuras, de fundo histórico, utilizando principalmente material produzido na Itália, de excelente qualidade. E, no decorrer dos anos 50, surgiram outras séries - "Ciência em Quadrinhos", "Série Sagrada", "Grandes Figuras" (sobre personagens da história brasileira) e até uma pioneira Bíblia em Quadrinhos". Com o passar dos anos, mudança das regras do mercado de quadrinhos, as edições da Ebal - como de outras casas publicadoras - foram se transformando, sem porém, jamais, perderem suas características de integridade, sentido educacional, aspectos didáticos, da qual Aizen - uma das personalidades que mais admiramos - jamais abriu mão. E graças a isso, as histórias lançadas há 20, 15 ou 10 anos continuam a serem reeditadas, acrescidas de novos lançamentos. Mesmo com a "Edição Maravilhosa", em sua publicação regular, suspensa, os melhores romances de autores brasileiros, que ali foram quadrinizados têm sido recolocados nas bancas, com outros "lay out" de capas, da mesma forma que a série "Grandes Figuras", nas edições especiais, por exemplo, dos dois volumes de "História do Brasil" ((Cr$ 30,00 cada)(, ou os volumes especiais dedicados ao "O Descobrimento do Brasil", "A Viagem da Família Real", "A Independência do Brasil", "A Libertação dos Escravos" e "A Proclamação da República" (Cr$ 25,00 cada). Além do excelente acabamento estético de cada uma destas edições houve sempre o cuidado de fornecer, nos balcões e legendas em cada quadrinho, a informação historicamente correta, razão porque o editor Aizen - hoje e seu trabalho, auxiliado pelos filhos Paulo Afonso e Naumin - sempre dispôs de consultores do maior gabarito. Agora, começa a aparecer novamente nas bancas uma nova reedição: "Seleções da Grande Epopéia", na qual deverão aparecerem, regularmente, as melhores estórias publicadas nos anos 50 da "Epopéia", revista que encantou tantas gerações. O número 2 de "Seleções da Grande Epopéia" (34, páginas, mês da capa setembro/77, Cr$ 10,00) reúne duas estórias das mais importantes e que comprovam aquilo que afirmamos sobre o sentido cultural das publicações de Aizen: "O Pequeno Maestro", publicado pela primeira vez em "Epopéia"; número 8, março de 1953, traz a história, em quadrinhos, do compositor Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, Áustria, 27 de janeiro de 1756/Viena, 6/12/1791. A segunda estória é "O Hussardo da Morte", com desenhos do italiano Caprioli, publicada, pela primeira vez em "Epopéia", número 5, de dezembro de 1952. Contando aspectos das lutas da Hungria, é uma história repleta de informações culturais, que abrem os horizontes de informação dos pequenos leitores. Passados 25 e 24 anos, respectivamente, do lançamento destas duas estórias, em quadrinhos, no Brasil, elas mantém o mesmo interesse e o mesmo significado cultural, fazendo com que o veterano e admirável Adolfo Aizen continue a merecer todo o respeito de quem sabe ver nos quadrinhos um precioso auxiliar da educação. Marginalizado e incompreendido durante décadas, as HQs hoje adquiriram status pedagógico, incluídas em livros escolares. Mas durante anos, foi unicamente Aizen que soube compreendê-las como precioso auxiliar de formação cultural-educacional dos pequenos (e grandes) leitores.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
No Mundo do Cazuza
2
14/08/1977

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