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Aramis

PRIMEIRO ÁLBUM-BRINDE É COM MÚSICA DE BANDA

Apesar da crise que faz com que todos os empresários de bom senso reduzam suas despesas, o salutar hábito de oferecer brindes culturais de fim-de-ano deverá prosseguir em 1983/84. Desde, que um publicitário criativo e, sobretudo, musical - Marcos Pereira (1931-1981), teve a idéia de substituir os presentes de fim-de-ano de sua agência de publicidade por discos produzidos com artistas brasileiros, a fórmula pegou. Nos últimos anos, não apenas discos, mas livros, álbuns de gravuras e outros presentes dos tempos das vacas-gordas. Especialmente entre 1979/81, observou-se uma impressionante concorrência das grandes empresas em oferecerem obras sofisticadíssimas, chegam a [aparecerem] "verdadeiras edições de arte como brinde de Ntal. Para este final de ano, o primeiro brinde cultural que aparece é de uma entidade associativa que apesar da designação lembrar esportes, vem promovendo um excelente trabalho em favor da cultura: a Federação das Associações Atléticas do Banco do Brasil. Graças a sensibilidade de sua diretoria e a competência de um de seus diretores, o pesquisador Silas Xavier, há 6 anos que a FENABE tem produzido excelentes álbuns com obras de compositores brasileiros, preocupando-se sempre em revelar peças inéditas em discos. No ano passado foi o álbum duplo dedicado a Noel Rosa (1910 - 1937) e agora é um álbum duplo intitulado "Banda de Mùsica - De Ontem e de Sempre", que reproduz em dois elepês um programa que é uma autêntica retreta da época em que as bandas animavam os coretos das cidades - tradição que hoje está desaparecendo. O maestro Luiz Gonzaga Carneiro reuniu músicos de Brasília e São Paulo, no estúdio Eldorado, em São Paulo e registrou 17 autores - com marchas, valsas, schotes etc. Entre os compositores lembrados, o paranaense Bento (João Albuquerque) Mossurunga (Castro,1879 - Curitiba, 1970), que apesar de sua grande obra, tem raríssimas obras gravadas. Dança - Thadeo Morozowicz (1900 -1981) foi o pioneiro da dança em Curitiba e um dos pioneiros profissionais do ballet no Brasil. Fundou na provinciana Curitiba dos anos 20 uma escola de ballet, que manteve por toda sua vida . Sua magnífica obra teve em sua filha, a ex-bailarina e hoje coreógrafa Milena Morozowicz, uma continuadora a altura. Após um recesso um ano e meio a reestruturação do Ballet Morozowicz, a academis está de volta e fará duas apresentações no Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto nos dias 25 e 26 às 21 horas. O programa a ser apresentado tem o título de "Kosmos" e os ingressos já estão à venda na sede do Ballet Morozowicz. XXX LEITURA - Jean Paul Sartre (1905-1980) está entre os autores cuja obra permanecerá sempre atual, juntamente coma honestidade com que o escritor francês colocou em seus livros. Homem de sua época, jamais se furtando a um posicionamento político e influenciando, com sua visão filosófica do mundo, a geração pós-guerra, Sartre é um autor necessário sempre de ser lido e analisado. A Editora Nova Fronteira, que vem se caracterizando por uma bem cuidada linha editorial está reeditando a obra de Sartre. Assim temos uma nova edição de "A Idade da Razão", primeiro volume da trilogia "Os Caminhos da Liberdade" que originalmente saiu em 1945. Romance que analisa os problemas políticos e sociais do homem de seu tempo. "A Idade da Razão" lançou na prática a chamada "literatura engajada" na obra de Sartre. Discutindo a situação do intelectual francês imediatamente antes da guerra, este volume aborda consciências isoladas que, em meio ao turbilhão da História, se colocam lado a lado frente a opção de agir, ao peso e risco do compromisso e da responsabilidade. A trilogia é composta ainda dos romances "Sursis" e "Com a morte na Alma", que a Nova Fronteira também reedita este ano. XXX CINEMA - Os empresários do setor cinematográfico continuam amrgando prejuízos com o esvaziamento das salas de cinema. Com exceção das sessões nas quais a meia entrada em geral, o público nas salas de exibiçãotem sido reduzidíssimo.Apesar dos borderaux indicarem uma rendadecrescente anteriores, novas salas estão sendo instaladas. O Cine Lido, inaugurado em [setembro] de 1959 pelo velho Henrique Oliva - e hoje pertencente À multinacional United International Pictures, está em obras para reabrir no final de dezembro, com duas salas de exibição. A exemplo do cine Condor, também pertencente à UIP, haverá uma galeria comercial, aproveitando o excelente ponto que é a rua Ermelino de Leão. Já no Shopping Center Itália, na qual a Paris Filmes associada à Fama Filmes instalou uma das melhores salas da cidade, está sendo implantado o mais sofisticado cinema de Curitiba, num empreendimento do empresário paulista Alex Adamiu (Paris Filmes). Por outro lado, Paulo Sá Pinto - que durante mais de 15 anos dominou a cinematográfica curitibana, através da Empresa Sul (cines Avenida, Rivoli, Ritz, Marabá, América e outros de saudosa memória), e que hoje é o arrendatário do cine Plaza (cujo prédio pertence à Associação dos Servidores Públicos do Paraná), adquiriu a área reservada ao cinema do Pátio Santa Maria, na esquina da rua XV de Novembro com a Conselheiro Laurindo. Ali está instalado um grande cinema, também com previsão para funcionar ainda este ano. GRAVADORAS - Outros setor que enfrenta a recessão - a indústria fonográfica - não deixa, enfrentando, de também mostrar que a livre iniciativa tem que ser estimulada. Paralelamente as fusões das grandes multinacionais numa tentativa de reduzir os custos - como a recente associação internacional da WEA à Polygran (que em 1981 já havia absorvida a Ariola), surgem as pequenas - mas atuantes - etiquetas alternativas. Em maio último, durante a III Festa Nacional do Disco, em Canela, RS, um dos mais experientes recordman do Brasil, Paulo Genaro, ex-Odeon, ex-Polygran, ex-WEA, apresentou seu novo selo: Mar & Sol. Associado a um ativo publicitário e produtor de shows, Ednewton Viana, Genaro criou uma marca para se dedicar especialmente a artistas populares - criando linhas específicas para música sertaneja ("Tapera") e ritmos nordestinos ("Mandacaru"). Genaro é um exemplo de coragem e trabalho: durante mais de 20 anos atuou nos departamentos comerciais de grandes gravadoras, sendo responsável inclusive por quatro discos de ouro para a WEA, em menos de um ano, colocando-a numa posição de destaque no mercado de discos. Repentinamente, entretanto, Genaro foi acometido por um aneurismo cerebral que quase lhe custou avida. Durante o período de recuperação, moroso e difícil, Genaro afastou-se do meio, mas sua mente fértil somada à bagagem profissional adquirida em sua carreira, durante esse processo de recuperação se potencializaram. Um exemplo disto é que o presidente da Fermata, Henrique Lubendger, foi assessorar-se junto a Genaro, que com idéias novas e revolucionárias orientou e dinamizou o departamento comercial daquela gravadora. De um encontro com Ednewton Viana, empresário de artistas populares como Tim Maia e Erasmo Carlos, surgiu uma nova sociedade - "Mar e Sol", que procura uma nova faixa num mercado dos mais competitivos. Os primeiros lançamentos da Mar & Sol são dos cantores Rodolpho Moreno (mineiro de Teófilo Otoni, 25 anos). Nino (paraibano de João Pessoa, 26 anos) e Sidnei Silva, pernanbucano, há 12 anos procurando seu espaço na vida musical. Enfim, artistas populares, capazes de permitirem a conquista de um novo mercado. XXX BOCA NO TROMBONE - Fernando Alexandre, jornalista que durante alguns anos atuou na imprensa curitibana, é hoje um dos diretores do Lira Paulistana, atuante centro de cultura alternativa em São Paulo. Associado à Continental, o Lira vem fazendo edições de compositores jovens, que também se apresentam em seu teatro. Há um mês, o Lira chegou a Curitiba, com o projeto "Boca no Trombone": semanalmente, um artista ou grupo paulista, faz temporada no Paiol, junto a um artista (ou grupo) paranaense. Um simpático intercâmbio artístico benéfico a todas as partes. FOTO LEGENDA - Paulo e Ednewton: Mar & Sol, uma nova etiqueta.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Caleidoscópio
25/10/1984

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