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Aramis

A presença de Pedro Lauro

De uma coisa o deputado federal Pedro Lauro não pode ser acusado: falta de sinceridade. Homem simples, ex-proprietário de uma banca de revistas, que chegou à Câmara Federal em 1975, quase que como uma forma de protesto da população em relação aos descrédito dos políticos tradicionais, Pedro Lauro vem apresentando uma série de projetos que enriquecem o pitoresco parlamentar. E, perpetuando suas iniciativas para a história, cuida de editá-los em volumes lançados pela Coordenação de Publicações do Centro de Documentação e Informação da Câmara Federal. Agora saiu o volume dois de "O Paraná diz Presente", resumo de alguns dos seus discursos e projetos de lei apresentados em 1976. A leitura das 88 páginas da publicação se faz com muita facilidade e bom humor. Na capa, Pedro já inclui um pensamento, de sua autoria - "Nacionalismo para não entregar", e, na primeira página, outra de suas máximas, esta de fundo espiritualista: "Senhor Deus fazei de mim um defensor de vossas coisas". A seguir, estão os assuntos que, no ano passado, preocuparam o parlamentar; entre os quais se destacam: distribuição de erva mate, cuias e bombas aos trabalhadores de Itaipu; obrigatoriedade da execução de músicas ao vivo nos estabelecimentos de diversões que disponham de pista de dança; discursos constantes com relação à infiltração da música estrangeira e colonialismo cultural; proposta ao presidente Geisel, quando de sua viagem à Europa, para que, com o presidente Giscard d'Estaing, "ventilasse negociações para que seja anexada ao território brasileiro a Guiana Francesa": criação de uma escola de 1º e 2º graus em Marechal Mallet, Pr; projeto de lei proibindo consumo de alimentos e bebidas estrangeiras em festas oficiais; reclamando atendimento hospitalar aos moradores da Vila N.S. da Luz dos Pinhais; pedido à diretoria do Banestado para a criação de uma agência na Cidade Industrial; instituição do prêmio Petrobrás de Jornalismo; críticas ao abandono do Teatro Guaíra; obrigatoriedade de uma coluna especializada dedicada à agricultura em todos os jornais brasileiros; aplicação dos depósitos das cadernetas de poupança também na industrialização do lixo; criação de sistema de sinalização no trânsito para os daltônicos; saudação pelo 14º aniversário de Matinhos; projeto de lei proibindo referência a moeda estrangeira em textos oficiais. Homem que tentou, antes de ser deputado, ocupar uma cadeira na Câmara Municipal, Pedro Lauro confunde, evidentemente, o que cabe num pronunciamento de esfera local para uma manifestação na Câmara Federal. Suas boas intenções, seu nacionalismo, sua vontade de colaborar, não devem ser esquecidas. Mais do que o pitoresco, está o homem que não teme dizer o que pensa e, mais do que isto, reunir seus discursos e projetos de lei em livros. Em breve, promete o terceiro volume de "O Paraná diz presente".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
23/11/1977

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