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Aramis

"Piratas" de Polanski é a única estréia da semana

Em setembro do ano passado, quando veio ao Brasil para caitituar a estréia de "Busca Frenética" (Frenezy), Roman Polanski evitou falar sobre o filme que havia realizado anteriormente: "Piratas". Cada vez que lhe perguntavam a respeito, o realizador de "Chinatown", um homem extremamente inteligente e bem humorado, buscava escapar de qualquer comentário mais longo e fazia com que o interlocutor buscasse outra questão - preferencialmente ligada à "Busca Frenética", objetivo de sua vinda ao Brasil. Afinal, Polanski não tem razões para se entusiasmar com "Pirates". Superprodução financiada pelo árabe Tarak Ben Ammar, distribuída pela 20th Century Fox, esta aventura de capa-e-espada, apesar de todo o marketing com que foi apresentado no Festival de Cannes, há três anos (a Cannon Group Inc., associada à produção, chegou a levar até aquele balneário a galera construída para a rodagem do filme), se constituiu num dos maiores fracassos dos dois últimos anos. Um desastre tão grande que no Brasil a 20th Century Fox se desinteressou em promover seu lançamento, deixando que cópias piratas em vídeo esgotassem o interesse dos fãs mais fanáticos de Polanski e fazendo com que as poucas cópias em 35 mm ficassem esquecidas. Esta é a razão pela qual uma delas foi cedida para exibição no Cine Ritz (desde ontem, 4 sessões), pois caso tivesse sido bem sucedido em termos de bilheteria, possivelmente seria lançado no Cine Astor ou Bristol - casas mais atraentes para as majors programarem seus filmes (além do mais, as relações do setor de cinema da Fucucu com as distribuidoras americanas têm sido tensas, por falta de habilidade de "um assessor" que ainda está atuando na área). Talvez o fato de clássicos de capa-e-espada estrelados por Errol Flyn (1909-1959) - como "Capitão Blood" (1936) e "O Gavião do Mar" (1940), estarem reaparecendo em cópias colorizadas por computador, na televisão, enquanto uma versão em p&b, sem dublagem, de "Robim Hood" (1938) estar sendo exibida, com grande sucesso, em São Paulo, possa motivar algum interesse por "Piratas", no qual Roman Polanski tentou retomar um gênero que o fascinou na infância: aventuras de capa-e-espada, com muita ação, conforme relembra nas páginas de sua autobiografia ("Roman", 1985, editora Record). Antes de rodar "Piratas", Polanski havia assinado contrato com Dino de Laurentis para fazer uma refilmagem de outro filme de aventuras - "Furacão" (Hurricane), realizado pela primeira vez em 1938 por John Ford. Entretanto, o filme acabou sendo dirigido pelo sueco Jan Troell - com resultado tão medíocre que nunca foi lançado no Brasil. "Piratas" é um filme de aventura em toques de ironia e gozação - marca registrada de Polanski, que se constitui na única estréia da semana. No elenco, afora Walter Matthau - num papel de vilão, diferente dos complexos personagens urbanos que se habituou a fazer, não há nomes conhecidos: o garotão Cris Campion, Damien Thomas, Charlotte Lewis e Olu Jacobs. A música é de um ótimo compositor - o francês Philippe Sarde e a fotografia do competente Witold Sobocinski. Caprichados figurinos de Anthony Powel. Enfim, nesta semana sem opções novas, fica com a indicação. Outras opções - Sem novidades no front, a não ser a programação de um filme de aventuras ("Hunter 2 - Um Homem Chamado Trovão", de Larry Ludman) nas sessões noturnas do Plaza - que durante o dia continua com "O Casamento dos Trapalhões" (também segue no Lido II/São João), "As Aventuras de Chatran", produção japonesa, direção de Masanori Hata - sobre as aventuras de um gato (e não um cão, conforme aqui saiu na semana passada, num engano zoológico), continua no Astor - já que "Roger Rabbit" emplacou agora no Cinema I - em dobradinha com o Bristol - nas opções para a garotada. "O Nome da Rosa", de Jean Jacques Annaud voltou para o Guarani e ali se mantém em segunda semana, assim como "La Traviata" de Franco Zefirelli, apesar da péssima cópia, também continua no Cine Luz. LEGENDA FOTO - Walter Matthau, o único nome conhecido do elenco de "Piratas", estréia no Ritz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
27/01/1989

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