Pintando o 7
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de agosto de 1989
Depois de uma individual de Fernando Velloso, a ArteStil reuniu mais dois pintores da mesma geração: Jair Mendes e Domício Pedroso. Pena que o casal de marchand, Sérgio e Lilian Cabral, não tivessem dado o título de "30 mais 30 mais 30" para a mostra. Explica-se: tanto Jair como Domício estão comemorando 30 anos de atividades profissionais, já que começaram a atuar no mercado em 1959. E cada um expõe 15 telas nesta individual.
xxx
Para os amigos de Jair Mendes, 53 anos, a exposição tem um particular significado: em seus óleos de muita luminosidade se reflete a nova fase que inicia, após cinco tormentosos anos em que se debateu entre o claustro e o lar. É que atacado por profunda crise religiosa, o barbudo artista chegou a fazer alguns períodos de recolhimento num mosteiro trapista. Apesar da validade da experiência - que o fez, inclusive, renunciar aos pecados da carne e do álcool (hoje é um abstêmio fidelíssimo e marido monógamo) - Jair não resistiu a dura provação dos trapistas, e voltou ao mundo leigo.
xxx
Outro artista dos anos 50, também na faixa (acima) dos 50 anos, que voltou a expor é Luiz Carlos Andrade Lima, com uma individual na Sala Theodoro de Bona no Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
xxx
Já no Momento Arte, Sarita Guelman Grupenmacher promove a individual (dia 29, terça-feira), de um artista ainda pouco conhecido entre nós: Luiz Verri, mas que vem bem apresentado: Walmir Aiala (que a ele já dedicou um livro) e Oscar Niemeyer elogiam este veterano (77 anos, paulista de Pirassununga) artista de telas belíssimas, que pela primeira vez faz uma individual em Curitiba.
xxx
Como é uma casa das artistas plásticas mais simpáticas e (bem) relacionadas em Curitiba, Leila Brown mereceu atenção especial na individual que inaugurou na última terça-feira na Casabranka Galeria de Arte. Mulher inteligente, de projetos bem definidos, Leila gosta de trabalhar sobre temas específicos: sua última mostra teve como tema o mundo mágico do circo. Agora, seus 25 óleos são inspirados na música popular - a partir de "A Dama de Vermelho". O professor Alceu Schwaab, pesquisador que costuma adquirir quadros com temas ligados à nossa MPB, deve passar pela Casabranka na próxima semana e reservar, no mínimo, três telas de Leila.
xxx
Jorge Carlos Sade não só fez a doação de grande parte de sua preciosa coleção de obras de arte para o Centro Cultural do Portão, como surpreendentemente, trocou preciosos 250 discos (a maioria importados) com trilhas sonoras de filmes por apenas quatro telas.
O felizardo que ganhou na operação foi Roberto Braga, um fanático por sound tracks e que sonha, um dia, ter uma coleção tão grande quanto a de Clecius D'Aquino, dono da Raridade Discos e cuja coleção completa da obra de Henry Mancine já o fez notícia nacional. Mas Sade não pensa em se retirar para a vida religiosa, mesmo estando se desfazendo de suas paixões artísticas. Continua a ser o consultor artístico da pioneira Acaiaca, executivamente dirigida por seu irmão caçula, Luís Fernando, e que tem fechada a programação até dezembro: em agosto, promoveu nesta última semana, a mostra de Maria Martha e Yara de Moraes. Em setembro, após a "Flores & Cores" (30 artistas com técnicas diversas), haverá individuais de Massuda (dia 17, comemorando os 30 anos do Paraná - quando chegou do Cairo) e das esculturas de David Zugman (dia 24).
xxx
Em outubro, o cinéfilo e pintor Walton Wycoski faz sua individual que tem o título "Um Pouco mais Francisco" (obras recentes sobre o tema São Francisco, com um catálogo no qual há belo texto de Wilma Klein) e no dia 15, a mostra "Zen Ra", de Seto. Em novembro, dia 5, mostra de João Henrique e, em dezembro, Silvia Folloni (dia 3) e, encerrando o ano, a coletiva de Natal "Festa de Cores Acaiaca".
Tags:
- A Dama de Vermelho
- Alceu Schwaab
- Casabranka Galeria de Arte
- Centro Cultural do Portão
- Clecius D
- David Zugman
- Domício Pedroso
- Fernando Velloso
- Henry Mancine
- Jair Mendes
- Jorge Carlos Sade
- Luís Fernando
- Maria Martha
- Momento Arte
- MPB
- Museu de Arte Contemporânea do Paraná
- Oscar Niemeyer
- Raridade Discos
- São Francisco
- Sílvia Folloni
Enviar novo comentário