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Aramis

... E para quem aprecia o som dos mestres

Os irmãos Marsalis vêm tendo suas gravações lançadas simultaneamente em inúmeros países. Afinal virtuoses do pistão e do saxofone, Wynton e Branford conhecem a glória antes dos 30 anos, num fato meio raro no universo musical. Se Branford é ainda visto apenas como instrumentista de jazz, o irmão mais moço, Wynton já foi aceito como um grande virtuose no pistão junto as mais rigorosas platéias. Quase que simultaneamente, a CBS lançou os novos discos de Wynton ("Carnaval") e Branford ("Romances for Saxophone"), ambos de primeiríssimo nível. Em "Carnaval", acompanhado pela Eastman Wind Ensemble, sob a regência de Donald Hunsberger, Wynton sola peças especiais para uma orquestra de metais, de forma que na virada do século vinte, era o meio básico pelo qual o americano médio ouvia a música executada ao vivo. Assim, ao pistão, Marsalis traz variações sobre "O Carnaval de Veneza" de Jean Baptiste Arban, seguido de temas de Herbert L. Clarke ("A Debutante"), o "Moto Perpétuo" de Niccolo Paganini - numa curiosa transposição aos metais, melodias tradicionais irlandesas, escocesas e inglesas, "O Vôo do Besouro" de Rimsky Korsakov e até um Spiritual ("Sometimes I Fell Like a Motherless Child"). Já Branford, no sax-soprano, acompanhado pela The English Chamber Orchestra, em seu "Romances for Saxophone", traz peças de Debussy ("L'Isle Joynse"), Fauré ("Pavane"), Debussy ("Arabesques nº 1"), Rachmaninoff ("Vocalise"), Stravinsky ("Pastorale"), Satie ("Gymnopedie"), Ravel ("Habanera") e até mais uma versão das "Bachianas Brasileiras nº 5", de Villa-Lobos. As orquestrações são de Michel Colombier, autor também da faixa que encerra o lado A: "Emmanuel". xxx Brasileiro apesar do nome, Jean Louis Steuerman é hoje um dos solistas de piano com maior evidência no mundo. Pela Polygram, sai em álbum duplo, sua interpretação das 6 Partitas ("Klivierubung", volume I), de Johan Sebastian Bach (1685-1750). Na opinião do musicólogo Lothar Hoffman Erbrecht, as Seis Partitas (nome italiano para suite), editadas entre 1720/1730, "São seguramente o produto mais maduro de Bach neste campo: sua energia estrutural, riqueza de idéias e a beleza sonora de sua escritura para teclado são de uma perfeição quase insuperável. xxx Outro álbum com interpretações de obras de Bach é a que nos traz outro gênio jovem dos teclados, Ivo Pogorelich: em gravação Deustche Grammophon, as Suítes Inglesas nº 2 e 3. A audição dos álbuns de Straub e Pogorelich se complementam, já que tratam de intérpretes na mesma faixa de idade, voltados a rever obras de uma das fases mais importantes de Bach. Sem dúvida, o jovem Leo Barros, diretor de projetos eruditos da Polygram, sabe o que faz ao selecionar gravações como esta para um público selecionadíssimo que as absorve rapidamente. xxx As peças "Lá Mer" e "Prelude a L'Apres Midi D'Un Faune" de Cláude Debussy (1862-1918) assim como "Parane por une Enfante Défunte" e os fragmentos sinfônicos de "Daphnis et Chloé", de Maurice Ravel (1875-1937) são dos mais conhecidos. Há inúmeras gravações destas peças clássicas. Entretanto, no registro da Filarmônica de Berlim, sob a regência de Herbert Von Karajan, realizada no ano passado, Debussy e Ravel adquirem uma nova força e vigor, fazendo de sua edição, em excelente prensagem, mais um item obrigatório do catálogo da Polygram. Também "Assim falou Zaratrustra" de Richard Strauss, é uma das peças sinfônicas mais conhecidas - ainda mais depois que, em 1964, Stanley Kubrick usou-a como trilha sonora para seu inigualável "2001 - Uma Odisséia no Espaço" e o brasileiro Eumir Deodato fez um arranjo popular, que o tornou ainda mais rico nos EUA, mas que lhe custou um processo dos herdeiros de Strauss (1864-1949). Mas sempre é um prazer ouvir uma gravação desta peça épica na interpretação da Filarmônica de Nova Iorque, regida por Zubin Metha, na gravação que a CBS incluiu em sua série "Masterworks". Poema sinfônico livremente baseado em Friedrich Nietzsche, foi iniciado em fevereiro de 1895 e terminado em agosto do ano seguinte. Na época Strauss era o regente da Orquestra da Ópera Real Bávara de Munique e foi ele quem regeu a estréia em Frankfurt com a Orquestra do Museu Estatal em 27 de novembro de 1896. xxx Os improvisos Opus 90 e 142 de Franz Schubert, se inscrevem entre as peças mais belas do mestre clássico-romântico austríaco. Escritas em Viena no ano anterior à sua morte (1827), refletem as recordações de uma temporada tranqüila vivida pelo compositor na cidade de Graz, alguns meses antes. Os improvisos schubertianos se imortalizaram tanto pela riqueza da inspiração melódica quanto pela estrutura harmônica, antecipando de várias décadas experiências e inovações que ele próprio, Schubert, realizou sem muito alarde. Estes improvisos têm agora uma edição pela CBS, em gravação do jovem pianista Murray Perahia.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
19
27/09/1987

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