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Aramis

Otto, Sr. Desembargador (com todo merecimento)

Não faltarão, é claro, discursos saudando a sua competência jurídica, a felicidade da escolha de seu nome para o cargo de desembargador e o que representa um ainda jovem advogado chegar a mais alta corte de Justiça do Estado. Palavras merecidas ao desembargador Otto Luís Sponholz. Entretanto, entre os múltiplos aspectos que fazem com que centenas - melhor diria, milhares de amigos - de Sponholz ficassem extremamente felizes com a sua escolha para o cargo de desembargador, está a coerência, a coragem e a independência que sempre o caracterizou. Virtudes que o dignificam como homem e profissional - fazendo-o, ao chegar a uma função reservada a poucos, a certeza de que quem ganha é a Justiça com a sua nomeação. xxx Desde seus verdes anos de estudante secundarista, líder nato, Otto sempre marcou suas posições com equilíbrio e coragem. Assim foi nos tempos colegiais e, especialmente, nos atribulados anos 60, quando o fato de ser um dos mais aplicados alunos da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, não o retirava sua condição de ativo político estudantil, atuando no Partido Acadêmico Renovador, plêiade de jovens nacionalistas, discutindo e vibrando com a política nacional, enfrentando as posições mais conservadoras de colegas de origens udenistas - por coincidência, muitos destes hoje integrados ao PMDB. Da presidência do PAR a sua escolha para presidir o Centro Acadêmico Hugo Simas, entre 1962/63, foi uma opção natural (e numa chapa em que a vice-presidência cabia a outro líder de grande força, José Octavio Guizzo - o Mato Grosso como era carinhosamente conhecido - Otto Luís Sponholz dirigiu o Centro Acadêmico da Faculdade de Direito, num período dos mais amplos debates e liberdade política. Uma gestão das mais atuantes - até hoje lembrada pelo muito que se realizou. xxx Depois vieram os anos duros da repressão, na qual, Otto deu mostras de dignidade profissional. De modesto escritório, divididos por alguns anos com seu companheiro Antônio Acir Bedra - hoje também um advogado realizado em termos profissionais - Otto cresceu na admiração de todos. Defendeu dezenas de presos políticos, enfrentou com toda a coragem o sistema repressivo, não se curvou ante ameaças - como, anos antes, logo após a revolução de 1º de abril, havia suportado também algumas semanas de prisão, sob a acusação de subversão. Advogado antes de tudo, dentro de uma retidão pessoal e ética que o conduziria também à presidência da seccional do Paraná da OAB e o faria um nome de expressão nacional, Otto chega agora ao Tribunal de Justiça. Com todo merecimento. xxx Feliz um Estado que possui pessoas de sua grandeza para cargos desta importância.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
23/05/1986

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