Os solos de Moura
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de setembro de 1976
Bastariam os dois números solados por Paulo Moura no clarinete - a valsa "Leninha" de Codó e o choro "Espinho de Bacalhau" de Severino Araújo - durante o espetáculo "Roteiro" (auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, sexta-feira, única apresentação) para justificar os aplausos entusiásticos do público. Pois, independente dos sambas comercialmente fáceis de Martinho da Vila (Martinho José Ferreira) acompanhado por um grupo de excelentes instrumentistas e mais a presença colírica da bailarina Soninha, sem dúvida o espetáculo "Roteiro" teve em sua parte instrumental o ponto alto.
Além de Paulo Moura, 42 anos, paulista de São José dos Campos, um dos melhores saxofonistas e clarinetistas do Brasil, destaque-se o solo de Mané do Cavaco (Manoel Ferreira de Carvalho), em "Carinhoso" (Pixinguinha/João de Barro) e "Brasileirinho" (Waldir Azevedo), além da entusiasmante participação de Papão (Alexandre Silva) na bateria. O percussionista Sérgio Sales Dias e o baixista Noel Messias também tiveram grandes momentos instrumentais, embora, tecnicamente, pela sua própria condição de músico que domina profundamente seus instrumentos (tanto no clássico, jazz como no popular), Paulo Moura tenha sido o dono da noite.
Além de Paulo Moura, o espetáculo de Martinho iria ter outra agradável surpresa: a violonista Rosinha de Valença, uma das melhores executantes de violão e que nunca veio a Curitiba. Só por falta de passagens aérea é que Rosinha não pode viajar. Ontem, Paulo Moura aproveitou a única vaga que havia nos vôo da manhã para retornar ao Rio, já que à tarde voltou a gravar o elepê que Elza Soares está fazendo na Tapecar - e do qual é responsável pelos arranjos.
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