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Aramis

Os premiados com o Oscar rendem os dourados frutos

Na temporada pós-Oscar, os exibidores lambem os filhotes que deram cria aos bonecos dourados. Já na quarta-feira, vistosos anúncios dos filmes em cartaz destacavam as premiações, para que os filmes em cartaz atraiam milhares de espectadores - pois mesmo sabendo-se que os mesmos estarão logo disponíveis em vídeo, quem ama o cinema não troca o prazer da tela grande pela mediocridade na redução para o vídeo, com todo o conforto que o mesmo ofereça. Assim, "Platoon", de Oliver Stone - com suas quatro estatuetas - (melhor filme, direção, som e montagem) - está fazendo as filas se multiplicarem no Plaza, onde deve permanecer pelo menos dois meses em exibição (em 1984/85, "Passagem Para a Índia" e "Entre Dois Amores", respectivamente, emplacaram 12 semanas no Lido). "A Missão", de Roland Jaffe, que das 7 indicações, ficou apenas com o (merecido) Oscar de fotografia (Chris Menges) já está em 5ª semana no Itália - e até a metade do mês ali permanecerá, pois no dia 17, em lançamento nacional, chega o novo show de violência de Sylvester Stallone - "Over The World". Suave, belo, enternecedor, "Uma Janela Para O Amor", de James Ivory, que ganhou 8 indicações e levou três Oscars em categorias técnicas - figurinos, direção de arte e roteiro adaptado (do romance de E. M. Forster, cuja tradução no Brasil deve sair em breve) também deve manter boa bilheteria no Astor, aonde está em exibição há 10 dias. Para nós, o mais sensível e emocionante de todos os indicados ao Oscar e, até agora, a obra-prima de Woody Allen, "Hannah E Suas Irmãs" - 7 indicações e 3 premiações (roteiro original; atriz coadjuvante - Dianne Wiest - e ator coadjuvante - Michael Caine) voltou meio timidamente em cartaz no Cinema I, teve casas fracas e foi anunciada sua substituição, mas agora, com a força do Oscar, reage. É um filme indispensável de ser revisto. Com "Hannah E Suas Irmãs" firme no Cinema I, João Aracheski abandonou a idéia de oferecer uma continuação para o político e atualíssimo "Salvador - O Martírio De Um Povo", do mesmo Oliver Stone de "Platoon", que teve apenas uma magra semana no São João. Teve duas indicações ao Oscar - roteiro original (Stone/Richard Boyle) e melhor ator (James Woods), mas como não ganhou, para o grande (e desinformado) público, perde o interesse. Mas é uma obra magnífica, que merece voltar em exibição. AS ESTRELAS - Como a surda-muda Marlee Matlin emocionou aos membros da Academia e levou o Oscar de melhor atriz por sua atuação em "Os Filhos Do Silêncio" (Children Of a Lesser God), de Randa Haines - recebendo a estatueta das mãos de seu amante e partner, William Hurt (que perdeu, merecidamente, o Oscar de melhor ator para Paul Newman), a UIP já antecipou a estréia deste filme em Curitiba. Desde ontem, "Os Filhos Do Silêncio" está em exibição no Condor, substituindo a "Highlander - O Guerreiro Imortal", de Russel Mulcahy - que passou agora para o Lido I. Já a comédia "Curtindo A Vida Adoidado" (Ferris Bueller's Day Off), nova investida de John Hughes no mercado adolescente (foi diretor de "Gatinhas e Gatões", e produtor de "A Garota De Rosa Shocking"), está agora no Lido II - cortando assim a carreira do belo "Fulaninha", de David Neves, que não resistiu mais do que 7 dias em exibição. Se "Fulaninha" tivesse sido lançado nas salas da Fundação Cultural, por certo faria melhor carreira, mas, mais uma vez a Embrafilmes e o Chico Alves dormiram nesta programação. "A Cor Do Dinheiro", de Martin Scorcese - que afinal valeu a Paul Newman o aguardado (por 6 vezes anteriormente) Oscar de melhor ator ainda não tem data marcada para estrear no Condor ou no Lido. Já "Mona Lisa", do Neil Jordan - que valeu ao (até agora) desconhecido Bo Hoskins a indicação ao mesmo troféu (e era o segundo favorito da lista) entra em exibição no Palace Itália tão logo haja folga. A estréia mais volumosa da semana é "Heimat", produção da RFA, 1984, que com 15 horas, 24 minutos e 10 segundos, será exibido a partir de amanhã, em dois episódios por dia, no Cine Luz. Haja tempo! E, para registro final, a notícia sobre a estréia mais auspiciosa da temporada: "Ginger E Fred", que Fellini realizou em 1985 e que vem encantando o público de todo o mundo. Uma obra maravilhosa, com os elementos da melhor tradição do universo de Fellini - que, no Ritz - também deverá ganhar muitas semanas de projeção. OUTROS PROGRAMAS - No Groff, desde ontem, a oportunidade de rever um dos mais líricos filmes de Akira Kurosawa - "Dersu Uzala", co-produção Japão/URSS, 1975 e que venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro no mesmo ano em que concorriam "Atas De Marusia", o político filme chileno com Gian Maria Volonté. No Palace Itália, em exibição um filme-violência sem maiores créditos: "O Exterminador De Aço", de Martin Dolman, com Jane Agren, Claudio Cassinelli e o veterano John Saxon. "Rambo II - A Missão", de George P. Cosmatos - um exemplo de anti-Platoon, pois é apenas um canto a violência e ao belicismo - continua em exibição no São João. Nas sessões especiais, amanhã à meia-noite, no Astor, outro exemplo de filme-violência: "Mad Max", de George Miller, com Mel Gibson. No Groff, amanhã à meia-noite e domingos, às 10,30 horas, o mais introspectivo dos filmes de Roman Polanski: "Repulsa Ao Sexo" (Repulsion), 1965, rodado na França, com Catherine Deneuve (excelente) e Ivone Furneaux. E, para a garotada, no Ritz, domingo pela manhã, "Música E Fantasia", produção soviética que vem sendo reprisada insistentemente. LEGENDA FOTO 1 - Lírico e belo, "Uma Janela Para O Amor", ficou com 3 Oscars. Está em exibição no Astor.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
14
03/04/1987

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