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Aramis

Os Nossos Caipiras (I)

Marginalizada, criticada(,( ridicularizada, a música sertaneja é, entretanto, um fortíssimo elemento na indústria cultural brasileira, tema que acaba de merecer a primeira tese de nível universitário ("Acorde na Aurora", de Waldenyr Caldas, Companhia Editora Nacional, 167 páginas). Atraente tema para apreciações não só de ordem artística-estéticas, mas dos pontos de vistas sociológico e econômico, a música sertaneja, como estamos insistindo há muitos anos em nossas colunas, faz parte da realidade sócio-cultural brasileira, necessária assim de ser estudada em maior profundidade. E quem tem visão para o setor entende a existência de um imenso mercado, que embora há 40 anos sendo explorado principalmente por gravadoras e empresários paulistas, comporta também a livre iniciativa local. Dois curitibanos estão agora voltando-se para o setor, com perspectivas de excelentes resultados comerciais: Leonel Rocha, que junto com Campos, forma uma dupla sertaneja, que conseguiu estrear em elepê, no selo Soma, ligado ao grupo Sigla/Som Livre, da Rede Globo de Televisão, vem há vários meses promovendo espetáculos de música sertaneja, reunindo duplas novas e ainda desconhecidas a nomes famosos nacionalmente - e obtendo faturamentos excelentes. Realizados em diversos lugares - circos, pavilhões, clubes de bairro e interior, os "festivais sertanejos" de Leonel Rocha encontraram no Ginásio do Clube Atlético Paranaense um local ideal - pelo espaço, facilidades de acesso e simplicidade do ambiente - elemento a considerar, tendo em vista o seu público ser das camadas mais humildes da população. Já Ivan Graciano, 32 anos, acordeonista e organista filho da dupla mais conhecida do Estado - e os únicos (grandes( ídolos populares da região, Nhô Belarmino (Salvador Graciano - 56 anos) e Nhá Gabriela (Julia Alves Graciano, 53 anos) - fundou há dois meses a BG Gravações e Produções Artísticas, que inicia suas atividades com a edição de um elepê totalmente gravado nos estúdios SIR, de Percy Tamplim, na Rua Bento Viana, já em fase de mixagem. Com o título de "Equipe BG", o disco se propõe a revelar as novas duplas que Berlamino e Gabriela, semanalmente, promovem através de seu programa de televisão e audições diárias na Rádio Colombo, onde dominam uma grande faixa de audiência. A gravação de um disco é sonho de todo artista - e no caso das duplas sertanejas, significa uma abertura para um mercado imenso, existente no interior, capaz de permitir inclusive a profissionalização. A "Equipe BG", do primeiro elepê que Ivan Graciano produziu, é constituída das seguintes duplas, formadas por cantores e compositores vindos das classes mais humildes, amadores, que fazem suas músicas nas horas de folga: Flor da Mata & Natal com "Um Porto e Uma Saudade" (Jacobowski) e "Percorrendo Os Estados" (Flor da Mata); Nascimento e Zeloni gravaram "Roceiro Feliz" (Zezinho) e "Amor Definitivo" (Lino Filho/Ivan Graciano). Outra dupla, Porto Rico e Navegante, incluiu nas duas faixas que lhe foram reservadas, incluiu nas duas faixas que lhe foram reservadas, "Recordando e Sofrendo" (Nequinho) e "Vim Para Te Levar" (Tinhão). De Ponta Grossa é a dupla Luanda e Corumba, que gravou "Deste Jeito Não Vai Dar" (Corumbá) e ´"História do Disco Voador" (Caixeiro/Corumba), Belarmino & Gabriela gravaram uma divertida sátira, "Não Arranjo Casamento", enquanto Belarmino, habilidosos executante de acordeon, em dueto com seu filho, Ivan, fez uma faixa instrumental, com impressionantes improvisações. O disco é simples, sem pretensões. Ivan Graciano, seu produtor, preocupou-se em dar chance ao máximo de artistas sertanejos e compositores, num trabalho com grandes possibilidades comerciais. Afinal, o que mais vende no Interior é ainda música sertaneja. Então porque não vender os nossos caipiras ?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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20/08/1977
Olá, sou sobrinha do Natal da dupla sertaneja "Flor da Mata e Natal" citada neste artigo e gostaria de obter copia do LP em questao. Obrigada

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