Os ídolos estão morrendo mas há jovens nas telas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de outubro de 1985
Rock Hudson, Michele Morgan, Yul Brynner, Orson Welles...
Os nomes-mitos do cinema americano estão morrendo. Implacavelmente a morte chega também ao Olimpo dos sonhos dourados nos retângulos iluminados, levando os homens e mulheres que ondularam sonhos de tantas gerações de espectadores.
Na praticabilidade do marketing que hoje rege um cinema de regras diferentes da época dos poderosos "tycoons" dos grandes estúdios (que também desapareceram, dando lugar a produções independentes), os nomes se renovam e a cada ano há uma geração emergente de intérpretes que buscam seus espaços. É bem verdade, que não é fácil se firmar numa nova época de múltiplas opções e nos quais o cinema não é mais o divertimento único (embora continue a ser, para nós, por excelência), sem o mesmo espaço jornalístico que tinha no passado.
Observando-se os filmes em exibição - recentemente lançados ou os que estão chegando - nota-se nomes novos e uma necessária (e até tardia) preocupação de (re)conquista do público jovem, que havia sido abandonado durante décadas - perdendo-se assim de se formar novas platéias uma das causas do esvaziamento internacional das salas de exibição, na escalada melancólica das última sessões de cinema.
OS JOVENS LIBERADOS
Nasce uma nova mentalidade nos filmes que chegam, especialmente dos EUA, para tentar conquistar as faixas jovens. Há muito que o rigoroso Código Hayes (uma espécie de AI-5 que a indústria cinematográfica americana se impôs a partir dos anos 30) foi abandonado e hoje as cenas de transa sexual, palavrões, a liberação e novos comportamentos e posturas fazem parte do universo de filmes que não podem mais serem proibidos para maiores de 14 anos.
Assim, uma comédia agradável e digestiva como "Gotcha! Uma Arma do Barulho", dirigida por Jeff Kanew com um elenco de jovens intérpretes promissores - Anthony Edwards, a bela Linda Florentino, Nick corri, Alexa Rocco, Marla Adams, entre outros - coloca tanto cenas "cartões-postais" da sempre fotogênica Paris com "calientes" [seqüências] das transas e jogos eróticos sexuais do estudante Jonathan e da sexy espiã Sacha.
"Loucademia de Polícia - 2: Primeira Missão" - que repete o êxito da primeira parte (continua em exibição no Bristol) também tem um apelo para os jovens, através de um elenco de novos intérpretes, piadas que vão desde o humor oral a cenas do melhor pastelão.
OS JOVENS REBELDES
De "Sementes da Violência" (Blackboard Jungle, 1955, de Richard Brooks) a "Escola da Desordem" (Lido II), a filmografia sobre a rebeldia jovem no ambiente escolar extrapolaria mais de cem títulos. Não só o cinema americano, mas também o europeu (por exemplo, o recente "O Inimigo da Classe", produção alemã) tem-se debruçado sobre o comportamento dos jovens em relação a professores, regras do ensino, a didática e obviamente o universo familiar. "Teachers", recente realização de Arthur Hiller, também se enquadra neste gênero com um elenco em que há três intérpretes que têm sido bastante promovidos nos últimos anos: Ralph Macchio (visto em "Jovens Sem Rumo" (The Outsiders) de Coppola, também na linha do cinema jovem-[delinqüente], Nick Nolte e a bela Jobeth Willians - atriz de "Poltergeist - O Fenômeno" de Tobe Hooper (por sinal, em reprise no Cinema I). Mas no elenco está também a ótima Lee Grant e a trilha sonora pelo próprio ambiente do filme é da pesada (editada no Brasil pela EMI/Odeon), com nomes como Bob Seger, Joel Cocker, Freddie Mercury (do Queen), Eric Martin & Friends e outros.
A JUVENTUDE DRAMÁTICA
Outro enfoque jovem - este com um sentido dramático - é o de "Asas da Liberdade": dois amigos de infância - Birdy (Matthew Modine) e Al Columbato (Nicolas Cage), em seus sonhos adolescentes, suas aventuras na pequena cidade - e uma imagem-símbolo - o sonho de voar como os pássaros (que em 1970, já inspirava um clássico de Robert Altmann), tem, de repente, que enfrentar a brutalidade da guerra do Vietnã. "Birdy" o grande êxito do último festival de Cannes, é um belo filme de Alan Parker, 41 anos, carreira das mais brilhantes. A juventude, os sonhos e a guerra, numa obra de dignidade é merecedora de ser vista esta semana.
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